Curitiba ou São Borja?
Brito: o povão não entende, mas sente
publicado
04/05/2016
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De Fernando Brito, no Tijolaço:
Curitiba ou São Borja?
Está mais que claro que o indiciamento ou até a prisão de Lula será o grande elemento de “legitimação” da assunção do governo usurpador de Michel Temer.
É a sinalização, perante o mundo, de que não teria havido um golpe, mas a correção judicial-parlamentar de desvios de conduta do ex-presidente, levando, de cambulhada, a Presidente que desejaria protegê-lo.
Pode haver dúvidas de que o STF queira lambuzar as mãos numa ordem de prisão contra o ex-presidente e deixe que seja Moro quem o faça, com a história sem pé ou cabeça do triplex de Lula que não é de Lula.
Para mim, apenas este “detalhe” ainda é imprevisível.
No resto, esta será a “grande obra” inaugural do Governo Temer, cantada em prosa e verso pela mídia, enquanto se põe em prática, sob o imaginário de uma “justiça, enfim” a injustiça sem fim: arrocho, venda de nosso patrimônio, desmantelamento do SUS, internacionalização ainda maior da economia compensada pelo valoroso “nacionalismo” de devolver, de lote em lote, os médicos cubanos.
Os projetos de retirada de direitos que já estão prontos e azeitados na Câmara, vão correr: terceirização, insalubridade, fator acidentário e muito mais.
Quer uma pequena lista? PEC 18 – reduz a idade mínima de trabalho de 16 para 14 anos; PL4193 – o combinado com o empregador (convenção e acordo coletivo) valerá mais do que a lei;PL3842 – afrouxamento do conceito de trabalho escravo;PL5019 – redução da jornada de trabalho com redução do salário;PL 948 – proíbe o trabalhador demitido de reclamar na Justiça do Trabalho; PLS710 – proibição de greve dos servidores; PL4330 – Libera a terceirização de todas as atividades.
A aposentadoria, esticada, terá uma ou outra regra de transição, para não provocar a ira de quem está a dois, três meses de conquistá-la , deixando os anos a mais apenas para os que ainda não começaram a contar os dias.
E o país discutindo a prisão do Lula.
Os jornais dedicados a falar de seus “privilégios” na cela. Quem sabe um chuveiro elétrico, uma televisão, direito a ler jornais.
O cálculo é perfeito, não fosse o que lhes é invisível e imponderável.
Talvez mais que as manifestações e conflitos que se seguirão a isso, todos devidamente reprimidos com o argumento de que decisão judicial não se discute, cumpre-se.
É o surdo ressentimento do povão, que não entende, mas sente.
Hoje, todo o mal “vem do governo do PT”.
Amanhã, virá da prisão de Lula.
Embora hesitem cada vez menos, o que ainda os faz temer é não saber se levarão Lula para Curitiba ou para São Borja.
É a sinalização, perante o mundo, de que não teria havido um golpe, mas a correção judicial-parlamentar de desvios de conduta do ex-presidente, levando, de cambulhada, a Presidente que desejaria protegê-lo.
Pode haver dúvidas de que o STF queira lambuzar as mãos numa ordem de prisão contra o ex-presidente e deixe que seja Moro quem o faça, com a história sem pé ou cabeça do triplex de Lula que não é de Lula.
Para mim, apenas este “detalhe” ainda é imprevisível.
No resto, esta será a “grande obra” inaugural do Governo Temer, cantada em prosa e verso pela mídia, enquanto se põe em prática, sob o imaginário de uma “justiça, enfim” a injustiça sem fim: arrocho, venda de nosso patrimônio, desmantelamento do SUS, internacionalização ainda maior da economia compensada pelo valoroso “nacionalismo” de devolver, de lote em lote, os médicos cubanos.
Os projetos de retirada de direitos que já estão prontos e azeitados na Câmara, vão correr: terceirização, insalubridade, fator acidentário e muito mais.
Quer uma pequena lista? PEC 18 – reduz a idade mínima de trabalho de 16 para 14 anos; PL4193 – o combinado com o empregador (convenção e acordo coletivo) valerá mais do que a lei;PL3842 – afrouxamento do conceito de trabalho escravo;PL5019 – redução da jornada de trabalho com redução do salário;PL 948 – proíbe o trabalhador demitido de reclamar na Justiça do Trabalho; PLS710 – proibição de greve dos servidores; PL4330 – Libera a terceirização de todas as atividades.
A aposentadoria, esticada, terá uma ou outra regra de transição, para não provocar a ira de quem está a dois, três meses de conquistá-la , deixando os anos a mais apenas para os que ainda não começaram a contar os dias.
E o país discutindo a prisão do Lula.
Os jornais dedicados a falar de seus “privilégios” na cela. Quem sabe um chuveiro elétrico, uma televisão, direito a ler jornais.
O cálculo é perfeito, não fosse o que lhes é invisível e imponderável.
Talvez mais que as manifestações e conflitos que se seguirão a isso, todos devidamente reprimidos com o argumento de que decisão judicial não se discute, cumpre-se.
É o surdo ressentimento do povão, que não entende, mas sente.
Hoje, todo o mal “vem do governo do PT”.
Amanhã, virá da prisão de Lula.
Embora hesitem cada vez menos, o que ainda os faz temer é não saber se levarão Lula para Curitiba ou para São Borja.
