Dallanhinho tentou emplacar aliado na PGR
Reportagem de Igor Mello, Gabriel Sabóia e Silvia Ribeiro, do UOL, e Paula Bianchi, do Intercept Brasil, mostra como o procurador Deltan Dallagnol, o Dallanhinho, tentou utilizar o prestígio obtido como líder da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba para emplacar Vladimir Aras, seu aliado no Ministério Público Federal (MPF), como novo chefe de Procuradoria-Geral da República (PGR). Para tanto, segundo a reportagem, Deltan "fez lobby com ministros do governo Bolsonaro" e "ao menos três ministros do Supremo Tribunal Federal (STF)".
Trata-se de mais uma revelação das mensagens obtidas pelo Intercept através da "Vaza Jato".
As conversas entre Deltan e Aras aconteceram ainda durante o período eleitoral em 2018. À época, antes mesmo do segundo turno, os dois já percebiam Sérgio Moro (atual ministro e ex-Judge Murrow) como alguém próximo do grupo de Jair Bolsonaro:
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Já em fevereiro deste ano, Deltan e Aras passaram a trabalhar de forma mais intensa pela indicação. "Você poderia me apresentar a Barroso e Fachin? Preciso de aliados no STF", perguntou Aras.
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Depois, em abril, Deltan afirmou que entraria em contato com outro ministro do Supremo, Luiz Fux:
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O Dallanhinho, em seguida, enviou um texto recheado de elogios sobre Aras aos ministros do STF: "é um colega sério e ponderado, tem excelente capacidade de diálogo, é comprometido com o Estado de Direito e qualificado para o cargo" e ainda afirmava que, "se indicado, fará um grande trabalho na Procuradoria-Geral".
O problema é que a mensagem foi redigida pelo próprio Vladimir Aras...
Além dos ministros do Supremo, Dallagnol também fez "lobby" em favor de Aras junto a outros nomes do governo Bolsonaro, como o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (o chuveiro) - acusado de caixa dois e, em novembro de 2018, perdoado pelo Judge Murrow.
O Procurador-Geral da República é o chefe do MPF. Apenas o PGR tem autoridade para processar o presidente, deputados e senadores, além de criar e renovar o funcionamento de forças-tarefa - como a Lava Jato.
A atual PGR é Raquel Dodge, cujo mandato terminará em 17 de setembro de 2019. Flávio Bolsonaro, o filho 01 do Jair Messias, disse no início de agosto que o novo Procurador-Geral deverá ser ideologicamente compatível com os bolsonários...
Em tempo: leia também no Conversa Afiada: Vaza Jato: Dallagnol tratou Dodge como inimiga!
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