Defensoria: Weintraub rasgou a Constituição ao checar nota de filha de bolsonarista
(Foto original: Valter Campanato/Agência Brasil)
A Defensoria Pública da União enviou nesta segunda-feira 27/I um documento à Justiça para comunicar que, no sábado, o (ainda) ministro da Educação, Abraham Weintraub, usou o Twitter para auxiliar o pai de uma estudante a revisar a nota no Enem. A informação é do jornal O Globo.
Para João Paulo Dorini, que assina a manifestação, Weintraub cometeu "seríssima ofensa ao princípio da impessoalidade". Dorini lembrou que trata-se de um pilar da administração pública, previsto na Constituição Federal.
"Se aqueles que fazem pedidos informais nas redes sociais para revisão da nota são atendidos, por que não o são aqueles que o fizeram pelo canal criado pela própria Administração? E por que não se informa adequadamente cada um dos solicitantes da revisão, caso de fato ela já tenha sido realizada, já que o próprio Ministro da Educação pôde fazê-lo pelas redes sociais para alguém que aparentemente ele sequer conhece pessoalmente?", questiona Dorini na manifestação.
No sábado, Weintraub determinou que o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) verificasse se estava correta a nota da prova do Enem de uma candidata após receber pedido do pai dela pelo Twitter. Carlos Santanna, apoiador do governo de Jair Bolsonaro, postou na rede social uma reclamação, marcando o perfil de Weintraub.
Weintraub respondeu ao apoiador com uma imagem supostamente de seu celular e uma mensagem de Whatsapp trocada com um interlocutor identificado como Alê. “Alê, tem como verificar”, escreveu o ministro. A resposta foi: “Ministro, a participante teve a prova corrigida corretamente. Tudo confere. Fez a prova em Ribeirão Preto/SP. Conferido com a aplicadora. Não houve erro de associação no caso dela.” O nome do presidente do Inep é Alexandre Lopes.
Fantasia
Enquanto isso, em mais um discurso sem pé nem cabeça, Weintraub afirmou nesta segunda-feira 27/I, em entrevista à rádio Cruzeiro FM, de Sorocaba (SP), que a classe média deve se unir para ter "liberdade".
"Não podemos perder o país. A gente precisa do apoio de todos vocês. Nós somos frutos da classe média. E precisamos que a classe média — você que é marceneiro, mecânico, enfermeiro, médico, dono de uma padaria — se unam pela liberdade das nossas famílias. Sozinhos, nós vamos perder. Cientes do desafio, somos muito fortes", disse.
"Nós precisamos, classe média, encontrar nossos representantes legítimos. Hoje, [temos como exemplo] o presidente Bolsonaro, mas a gente precisa de apoio. Você tem que ir para sua escola pública e cobrar, ver se sua escola está falando bobagem", completou.
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