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Destruição: sob Bolsonaro, florestas viram pasto

Desmatamento em Reserva Extrativista cresceu 203% em relação a 2018
publicado 06/03/2020
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Ex-seringueiros aceleram desmatamento e a troca de extrativismo por gado. (Foto: The Intercept)

Reportagem da Folha de S.Paulo escancara a política ambiental do governo Bolsonaro. Jornal esteve na Resex (Reserva Extrativista Chico Mendes, no Acre) e constatou o início da destruição.

Abaixo, o Conversa Afiada reproduz alguns trechos. 

Mais do que a borracha, a castanha-do-pará é um valioso produto extrativista da Amazônia. Apesar da renda assegurada e de a árvore majestosa estar protegida por lei, neste ano a família do ex-seringueiro Francisco Diogo da Silva, 72, decidiu queimar um castanhal para substituí-lo por pasto e gado.

Nascido em um seringal que hoje está dentro da Reserva Extrativista (Resex) Chico Mendes, Silva começou a cortar aos oito anos de idade, seguindo os passos do pai. Dedicou-se à atividade ao longo de 58 anos, 49 deles no seringal Albracia, onde vive até hoje.

Nenhum dos dez filhos, porém, extrai o látex. Cinco estão na "rua", expressão usada como sinônimo de cidade. Os demais moram com ele e se dedicam à pecuária. É a atividade contra a qual a Resex Chico Mendes foi criada em 1990, pouco mais de um ano após o assassinato do líder extrativista que lhe dá o nome. A morte foi encomendada por um pecuarista.

"Eles acham que o boi tem mais futuro. Se eles puderem vender um ou dois por mês, já têm dinheiro pra fazer a feira, remédio. E a borracha é cativa. Precisava ter um mercado certo, que não faltasse", diz Silva sobre os filhos, em entrevista na casa de madeira e poucos móveis, onde a luz estava conectada havia um mês.

Essa troca da floresta pelo capim se acelerou em 2019, no rastro da eleição de Jair Bolsonaro (sem partido), que prometeu reduzir a proteção ambiental em favor da agropecuária. Segundo o ex-seringueiro, seus discursos, além do incentivo de um vereador de Xapuri, serviram de sinal verde para o avanço do pasto.

No primeiro ano do governo Bolsonaro, o desmatamento na Resex cresceu 203% em relação a 2018. A área de floresta perdida, 74,5 quilômetros quadrados, é a maior da série histórica do sistema de monitoramento Prodes (Inpe), iniciado em 2008, e equivale a quase dois Parques Nacionais da Tijuca (RJ). Ao todo, a unidade já perdeu 7,5% da sua cobertura florestal.

A sinalização do governo Bolsonaro é de que não haverá mais incentivos ao extrativismo. Em artigo publicado em novembro, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, comparou os seringueiros a "cobaias humanas". Além disso, a deputada federal Mara Rocha (PSDB-AC) protocolou projeto de lei que retira da Resex uma parte já tomada pela pecuária.

(...)

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