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Dias e o Rio: Forças Armadas devem invadir os quartéis da PM?

Ministro da Justiça (de quem?) acusa a polícia e não resolve
publicado 24/02/2018
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O Conversa Afiada reproduz da Carta Capital a Rosa dos Ventos, de Mauricio Dias:

Poucos dias antes de o governo anunciar a intervenção militar no Rio de Janeiro, então já tramada, o ministro da Justiça, Torquato Jardim, com inesperada arrogância, atacou duramente a cúpula da PM, representada pelos comandantes de batalhões da corporação: “São sócios do crime organizado”.

Implacável, para dar exemplo, ele lançou suspeita sobre o assassinato de um tenente-coronel comandante de batalhão: “Esse foi executado. Ninguém me convence que não foi acerto de contas”. O ministro acusou. Não comprovou. Apoiou-se na suspeição ou, melhor, na inspiração. E não há clareza alguma em relação ao desfecho da situação criada pela acusação ministerial.

Haveria de caber às Forças Armadas que intervêm no Rio invadir os quartéis da PM? A corrupção nas polícias militares é uma história bastante conhecida. Vem de longe. Dois séculos. As forças policiais surgiram de uma necessidade capital para o sossego do Império.

Precisamente, para conter o ímpeto de eventuais ações de resistência dos escravos. A propósito, a escravidão acabou? A dúvida mais recente veio no samba-enredo cantado pelos carnavalescos da escola Paraíso do Tuiuti.

Tanto no Rio de Janeiro quanto em outros estados da Federação, o poder da farda parece estimular a corrupção. O soldado, nas ruas, sofre assédio frequente de cidadãos supostamente honrados. É vítima de corruptores endinheirados e do ganho fácil oferecido pelos traficantes. Do soldado ao coronel. A corporação é também espelho da sociedade brasileira.

Não é possível limpar a polícia se a sociedade também não sofrer uma faxina. E isso não vai acontecer. O Exército, ao voltar aos quartéis, deixará, certamente, heranças para a PM do Rio. Bons carros de patrulhamento, drones de monitoramento noturno, helicópteros e armas mais poderosas, entre outros que tais.

Tudo, porém, voltará a ser como dantes no quartel de Abrantes. Assim ocorreu com as UPPs, criadas há dez anos e hoje em franca decadência. Os traficantes se retiraram e depois voltaram. Desta vez, a luta contra o tráfico foi transformada em guerra. Os traficantes são hábeis. Conhecem cada rua das favelas. Vão se recolher. A primeira batalha será pela legalidade das ações, com o propósito de utilizar os mandados de busca e apreensão coletivas.

Há forte reação contra isso. Espera-se que o conhecimento dos militares sobre as favelas tenha melhorado. Numa intervenção feita na Favela da Maré, foi expedido um mandado coletivo em nome da dificuldade de encontrar as residências. As autoridades não sabiam que o Guia de Ruas da Maré soluciona esse problema. E, por lá, quase a totalidade das casas possui numeração.