Dilma: Brasil sem Amazônia não é Brasil
A presidenta Dilma Rousseff continua sua viagem pela França.
Depois de, no sábado (14/IX), participar do festival do jornal L'Humanité e, na terça-feira (17/IX), discursar na prestigiada Universidade de Sorbonne, a presidenta foi recebida por Anne Hidalgo, a prefeita socialista de Paris.
Foi sob o governo de Hidalgo que a prefeitura parisiense resolveu rebatizar um parque com o nome da vereadora Marielle Franco. O espaço, um jardim suspenso próximo à estação Gare de l'Est, será inaugurado pela família de Marielle neste sábado.
Hidalgo recebeu Dilma no prédio do governo municipal de Paris, o Hôtel de Ville, no início da tarde de ontem (18/IX): "meu apoio aos brasileiros que lutam pela democracia, direitos humanos e respeito ao meio ambiente", disse a prefeita em seu Twitter.
A prefeita Anne Hidalgo recebe a presidenta Dilma (Créditos: Twitter/@Anne_Hidalgo)
À noite, a presidenta falou para um auditório lotado no Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas de Paris.
O tema principal de seu discurso foi a Amazônia: a crise ambiental provocada pelo aumento do desmatamento e, principalmente, a reação internacional às queimadas.
Dilma condenou o desprezo do presidente Jair Messias pelo meio ambiente: "Bolsonaro quer que a Amazônia esteja aberta à exploração absurda. Quando ele rejeita o dinheiro internacional, ele mostra que não quer protegê-la".
Entretanto, ela também criticou a proposta do presidente francês Emmanuel Macron que, no dia 27/VIII, defendeu um "status internacional" para a Amazônia como forma de conter a devastação.
A presidenta Dilma foi direto ao ponto: "É uma proposta absurda".
E continuou: "Quando Macron fala em intervir na Amazônia, ele cria um grande apoio a Bolsonaro, porque ninguém no Brasil pensa que isso seria uma boa ideia. O Brasil sem a Amazônia, sem os povos indígenas, não é o Brasil. Pode ser outra coisa, mas não é o Brasil."
"Existem 20 milhões de habitantes na Amazônia. Não é um deserto", concluiu.
Dilma, assim, repete a defesa da soberania brasileira que o presidente Lula havia feito ao jornal francês Le Monde, no dia 12/IX: "a Amazônia é propriedade do Brasil. Ela faz parte do patrimônio brasileiro. É o Brasil quem tem que cuidar dela. Isso não quer dizer que é preciso ser ignorante, que a ajuda internacional não é importante".
Ao final de seu discurso, a presidenta também defendeu a criação de um "bloco democrático" contra a devastação em áreas de proteção ambiental e terras indígenas e classificou o governo Bolsonaro como "reacionário" - em especial, em relação às políticas sociais, direitos das mulheres e da comunidade LGBT.
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