Doria chama Bolsonaro às falas: "ainda tem coragem de dizer que é uma 'gripezinha'"?
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), fez um fortíssimo pronunciamento na tarde desta quarta-feira 29/IV para repudiar a crueldade de Jair Bolsonaro diante das mais de 5 mil mortes causadas no Brasil pelo novo coronavírus.
"Hoje pela manhã, numa entrevista coletiva, Jair Bolsonaro citou a mim e ao prefeito Bruno Covas nominalmente. Antes de me referir a essa citação, quero dizer ao Presidente da República - o mesmo que ontem, indagado por jornalistas sobre o crescimento das mortes no Brasil, respondeu 'quer que eu faça o quê?". Eu posso enumerar algumas atitudes que o senhor já deveria ter tomado e não adotou. A resposta para a sua pergunta é: fazer aquilo que o senhor não fez. Começando por respeitar os brasileiros - os que o elegeram e os que não o elegeram. Respeitando pais, mães, avós, parentes e amigos que perderam as suas vidas no Brasil pelo coronavírus. Coronavírus que o senhor classificou como 'gripezinha', como 'resfriadozinho', que o senhor minimizou, dizendo que não era importante e não era grave, presidente Jair Bolsonaro. Respeite o luto de mais de 5 mil famílias que perderam entes queridos, hoje sepultados. Respeite os médicos, os enfermeiros e os profissionais de saúde que, ao contrário do senhor, que vai treinar tiro em estande de tiro, estão trabalhando para salvar vidas, para proteger seres humanos. Pare com essa política da perversidade. Pare de fazer política em meio a um país que chora mortes e infectados", disparou Doria. E prosseguiu:
"O senhor disse que o Brasil estava vivendo uma 'gripezinha'. Teve a coragem de reafirmar isso várias vezes. E agora, presidente? Diante de mais de 5 mil mortos, o senhor continua afirmando que o Brasil vive uma pandemia de uma 'gripezinha'? Convido o senhor, presidente: venha a São Paulo. Saia dessa sua redoma de Brasília e venha visitar os hospitais. Venha ver a 'gripezinha'. Venha ver as pessoas agonizando nos leitos. E, se não quiser visitar SP, vá a Manaus. Vá ver o colapso da saúde em Manaus", desafiou o governador.
"Saia da sua bolha, Bolsonaro! Saia da sua fábula! Do seu mundinho de ódio. Não frequente apenas o seu Gabinete do Ódio. Percorra hospitais. Seja solidário com a realidade do seu país. Por fim, o senhor gosta de tratar tudo como números e acha que a vida é um número. Eu, felizmente, como ser humano, não acho que vida é número. Nem os meus filhos são tratados por número, mas pelo nome, com carinho, amor e afeto. A vida não é um número, mas um sentimento. Espero que o senhor possa resgatar o seu sentimento e ter um olhar de compaixão com os brasileiros", finalizou Doria.