Eichmann: assim funciona a delação premiada
Na foto, o centro da cebola
Mauro Marcondes Machado, 80 anos, foi preso, preventivamente, na Papuda, suspeito de crime cometido no âmbito da Operação Zelotes.
A Operação Zelotes, como denunciou o deputado Paulo Pimenta, perdeu o foco: engavetou os sonegadores gordos para se concentrar no Lula.
E, como se viu no documento aqui publicado, são gordíssimos os indícios que ligam a Globo do Sul, a RBS, ao esquema do Nardes, aquele relator do Tribunal das Contas, e ao PP do Francisco Dornelles.
Mas, isso não interessa à PF do zé.
O alvo é outro: o Lula.
De volta ao Mauro Machado.
O advogado dele é o Roberto Podval, respeitado criminalista, advogado também do José Dirceu.
Segundo o Estadão, vazo privilegiado de vazadores (criminosos) contumazes – na TV Afiada se mostra como acabar com os vazadores -, Machado foi procurado por um delegado da Polícia Federal (sic) do zé, Marlon Oliveira Cajado.
Segundo Podval, Cajado “chantageou” Machado: delata ou sua mulher e sócia, Cristina Mautoni, será transferida para uma “unidade prisional”.
Cristina estava em prisão domiciliar, numa cadeira de rodas, por causa de cirurgia nas pernas.
Importante: Cajado “propôs” a delação premiada sem consultar Podval.
Para Podval, delatar é uma decisão do cliente.
Ele, pessoalmente, é contra, mas essa é uma decisão do cliente.
Que não pode ser tomada sem que o advogado saiba!
Sem consultar Podval, Marlon “chantageou” Machado - delata ou sua mulher vai em cana!
Podval reclamou com um Procurador da República na Zelotes: onde é que nós estamos?
Que Democracia é essa?
O Procurador, segundo Podval, o tratou como se estivesse diante de um poste.
Não piscou!
E, ANTES, ANTES que se formalizasse o acordo da delaçãao de Machado, Cristina, em cadeira de rodas, foi para a cadeia.
Onde é que nós estamos, amigo navegante?
Nós estamos, amigo navegante, num regime totalitário, de exceção, numa DITADURA em que o “centro da cebola” é o zé da Justiça.
“Centro da cebola” foi a expressão que Hanna Arendt usou para definir o papel do Eichmann na reportagem sobre a ”banalidade do mal”.
O nazismo é a cebola.
O regime totalitário.
Eichmann era aquele burocrata moluscular, amébico, lá no fim, que se encontra depois de descascar a cebola.
Lá dentro está o Eichmann.
O zé.
O cúmplice irrelevante.
De um regime totalitário.
Eichmann, como ele, cumpria o papel de dar sequência à rotina totalitária.
É o que o zé faz.
Enquanto ele estiver ali será impossível punir os vazadores.
E alguns dos vazos, como os do Estadão!
Paulo Henrique Amorim