Em greve há seis dias, petroleiros paralisam 50 unidades da Petrobras em 12 estados
(Reprodução/FUP)
A paralisação de milhares de trabalhadores da Petrobras cresce a cada dia, tanto nas áreas administrativas quanto operacionais. De acordo com balanço feito pela Federação Única dos Petroleiros (FUP), 50 unidades do sistema da estatal estão em greve em 12 estados do país.
Nesta quinta-feira (5), a comissão de dirigentes da FUP que ocupa há sete dias uma sala o prédio da estatal, no Rio de Janeiro (RJ), teve uma nova vitória. A desembargadora Maria Helena Motta, do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 1ª Região, negou mandado de segurança interposto pela empresa à 66ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro pedindo a desocupação do local.
Os petroleiros endossam que só deixarão o local e sairão da greve quando a demissão em massa de mil trabalhadores da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná (Farfen-PR) for revista e o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) for respeitado. Porém, até o momento, a Petrobras não estabeleceu nenhum diálogo.
"O petroleiro e a petroleira sabe o que essa empresa significa para o Brasil. Não concordamos com esses preços abusivos para a população. Não estamos aqui pra gerar lucro pra acionista"
É o que explica a dirigente Cibele Vieira, que compõe a comissão de negociação que ocupa a sede da empresa. Ela conta que a Petrobras tem sido agressiva desde o início da ocupação, quando água e energia foram cortadas e uma série de limitações relacionadas à alimentação foram impostas.
Segundo Vieira, foi fundamental a pressão dos movimentos sociais e parlamentares que formaram uma vigília do lado de fora do prédio, o que fez com que a empresa religasse a energia e permitisse que os dirigentes recebessem uma alimentação adequada.
A sindicalista frisa que a negativa em estabelecer um canal de diálogo com os trabalhadores tem sido uma postura recorrente da estatal, o que se repete neste momento. “Negociação do mérito, em si, da demanda do movimento não está tendo. Um dos motivos que tivemos que fazer essas ações todas é porque a Petrobras não negocia mais com o movimento sindical”,relata Vieira. “A empresa faz reunião de informe e fala que está negociando com o movimento. Isso não é negociação.”
Na opinião de Vieira, o crescimento da paralisação é uma resposta ao projeto de privatização, sucateamento e desmonte da empresa, processo que se aprofunda desde 2015. Trabalhadora da petrolífera desde novembro 2002, Vieira relata que “nunca viu um movimento desse” e que sua geração “talvez não tivesse ideia da força que tem”.
“O petroleiro e a petroleira sabe o que essa empresa significa para o Brasil. Não concordamos com esses preços abusivos para a população, sabemos que tem como atender o povo com um preço mais justo. Consideramos o papel social que a empresa tem. Não estamos aqui pra gerar lucro pra acionista. E é isso que estão querendo nos impor”, denuncia.
Próximos passos
As demissões dos petroleiros e petroquímicos da Fafen, no Paraná, estão previstas para começar no próximo dia 14. Os trabalhadores estão acampados em frente à unidade há 17 dias, junto com suas famílias.
A interlocução com parlamentares é outra estratégia adotada pelos grevistas para pressionar a Petrobras.
Dirigentes da FUP e da Central Única dos Trabalhadores (CUT) chegaram nesta quarta-feira (5) em Brasília para reunirem-se com deputados e senadores do PT, do PCdoB e de outros partidos do campo progressiva. O objetivo é que os parlamentares pressionem a direção da Petrobras para que abra diálogo com os trabalhadores.
Do lado de fora do prédio da estatal, no Rio de Janeiro, a vigília segue com uma série de atividades. Diariamente, estão sendo realizadas aulas públicas e atividades culturais no local. Confira programação.
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