Em memória do catador assassinado
"Contra o genocídio da juventude preta" (Crédito: Jornalistas Livres)
A Praça da Sé, no centro de São Paulo (SP), foi palco de uma missa de sétimo dia nesta quarta-feira 19/VII em homenagem a Ricardo Nascimento, o catador assassinado por policiais militares em Pinheiros, região nobre da capital, no último dia 12.
Centenas de pessoas marcaram presença para repudiar a violência policial.
Para relembrar o caso, o Conversa Afiada reproduz trecho de reportagem de Talita Bedinelli no El País Brasil:
Ricardo estava parado com um pedaço de pau em uma das mãos na esquina da ruas Mourato Coelho e Navarro de Andrade, no miolo do nobre bairro de Pinheiros, em São Paulo. A poucos passos, um policial militar segurava com a firmeza das duas mãos uma arma de calibre .40 em direção ao peito dele.
- Larga esse pau. Larga esse pau!, gritou o policial, um homem forte e branco.
- Você não me conhece. Você não me conhece!, respondeu o morador de rua, um homem forte e negro.
A tréplica veio em forma de tiros: dois, à queima roupa. Ricardo caiu no chão. Ainda tentou pedir ajuda ao amigo Piauí, também morador de rua, mas logo começou a agonizar, narram quatro testemunhas ouvidas pelo EL PAÍS na manhã desta quinta-feira, um dia após o crime. Seu corpo, já inerte, ainda ficou por longos minutos no asfalto, até os policiais o envolverem num plástico preto, erguerem e levarem até o porta malas de uma viatura, que partiu cantando pneus assim que a porta fechou. Tudo às 18h, hora do rush, a cem metros de uma das ruas mais movimentadas da região oeste de São Paulo, aos olhos de moradores vizinhos, que, revoltados, acusavam os policiais de assassinato.
(...)
Praça da Sé, em São Paulo, na manhã desta quarta-feira, 19/VII (Crédito: Jornalistas Livres)
Ricardo e moradoras da região (Crédito: Rede Brasil Atual)
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