Essa não é a Casa Grande. É a casinha da Casa
Marginal do rio Tietê, SP, manhã de 4/VI. Créditos: Geórgia Pinheiro
Em Cascavel, onde foi lançar o best-seller “O Quarto Poder - uma outra história”, o ansioso blogueiro assim respondeu a uma pergunta - "o Golpe de 2016 é igual ao de 1964?" - da numerosa plateia:
Muitas são as diferenças.
Vamos começar pelas semelhanças.
Como em 1964 e no Golpe de dois dias contra Chávez, o Golpe de 2016 teve a bota dos americanos.
Breve, notável historiador revelará a Operação Brother Sam - 2016.
(Além de treinar juízes parciais...)
Jango não resistiu ao Golpe - segundo o grande brasileiro e seu Ministro Waldir Pires - quando San Tiago Dantas lhe disse que Afonso Arinos, "chanceler" dos golpistas instalados em Minas, disse que a Quarta Frota americana estava a caminho para sustentar o Golpe militarmente.
E Jango não queria dividir o Brasil em duas Coreias.
Porque, se ele aceitasse, Brizola ia peitar os militares, como em 1961.
(Agora, agora Dilma se lembrou que foi brizolista…)
O Golpe de 2016 envenenou o país com a tese de que a Dilma roubou para pagar o cabeleireiro - como diz o DCM, é a bolinha de papel que explodiu na cabeça do Ataulpho Merval.
É o "crime de responsabilidade"!
O de 1964 envenenou o país com a tese de que Jango - um dos maiores donos de terra do país - era comunista.
(Notável e prolífico historialista, o dos chapéus, sustenta que Jango caiu porque gostava de pernas - de coristas e de cavalos.)
Agora, prevaleceu a tese de que só o PT roubou - confirmada pela justiça reiterada do "não vem ao caso" e referendada em superiores instâncias.
Em 1964, como lembra em clássico estudo do professor Wanderley Guilherme, o Governo Jango sofreu uma paralisia - não governava mais.
A Globo, o Cunha, a Lava Jato, o Janot e a PF do zé fizeram agora o mesmo: congelaram a Dilma.
Mas, o Golpe de 2016 tem uma diferença genética em relação ao de 1964.
O Golpe de 1964 escolheu representantes legítimos dos interesses americanos - e da Casa Grande.
O de 2016 não espelha a Casa Grande, a pior elite do mundo, segundo Mino Carta.
(Segundo Mino, a paulista é a pior do Brasil.)
O Golpe de 2016 não é a Casa Grande, mas a casinha da Casa Grande, que fica atrás da árvore, onde os serviçais vão se aliviar.
Meirelles, empregadinho do BankBoston, não chega perto de Octávio Gouvea de Bulhões, um servidor público exemplar, reacionário e neo-libeles avant la lettre.
O jovem Bulhões participou da delegação brasileira que foi a Bretton Woods.
Meirelles está mais para Las Vegas.
O ministro do Planejamento de 1964 não era o Romero “Essa porra” Jucá.
Mas Roberto Campos.
Um notável entreguista, chamado pela UNE de Bob Fields, devasso na vida pessoal , mas um ex-seminarista culto, inteligente e frasista mordaz.
Foi o patrono dos Colonistas pigais: como o Elio Gaspari e o Paulo Francis, seus pálidos discípulos, também conseguia escrever o mesmo artigo em todos os PiGs!
Campos era o orgulho da embaixada americana e dos salões da Casa Grande.
O chefe da Casa Civil era o historiador baiano Luiz Vianna Filho, autor de um clássico - "Sudaneses e bantus”, sobre a Escravidão.
Hoje, a Casa foi ocupada por quem o baiano ACM chamava de "Eliseu Quadrilha".
O chanceler de 1964 não era um arrivista multi-indiciado, um dos homens ricos do Brasil, o Padim Pade Cerra, que ainda há de desmoralizar, publicamente, internacionalmente, o que sobra da respeitabilidade da casa de Rio Branco e Celso Amorim.
Um ministro do exterior do Golpe de 64 foi o embaixador de carreira Vasco Leitão da Cunha, um elegante e aristocrático bestalhão que encantava a Casa Grande e os americanos com punhos de renda confeccionada em Portugal - Portugal de Salazar, que os golpistas de 1964 apoiaram até os extertores.
Outro foi o coronel Juracy Magalhães, tenentista, reacionário e conspirador da primeira hora.
Juracy adaptou famosa frase de Eisenhower: o que é bom para os Estados Unidos (para a General Motors) é bom para o Brasil (para os EUA).
Sobre Juracy não pairavam dúvidas sobre seu papel na Privataria Tucana, no trensalão, nem sobre por que aparece em primeiro lugar na Lista de Furnas.
Ah, e o Temer?
O Presidente de 64 foi Castello Branco, que traiu Jango.
Como Temer, Castello era provinciano, medíocre, pensa que é gatinho, e pedante
O Golpe de 1964 matou muitos brasileiros na tortura dos coronéis Ustra.
O de 2016 - que vai durar enquanto o povo quiser - vai matar de fome os desempregados que já se empilham nos precários abrigos dos sem teto.
PHA