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Estrela: dar o pré-sal é trair o Brasil

Com Metri e Brito, descobridor do pré-sal depõe
publicado 05/08/2016
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O Conversa Afiada reproduz do Tijolaço:

Paulo Metri: entrega do petróleo terá de ser revista. E o vídeo do debate com o descobridor do pré-sal

Muita gente achou que o vídeo que ficou nos posts anteriores, do programa da TVT em o descobridor das jazidas do pré-sal brasileiro. Gulherme Estrella e eu debatemos o futuro do petróleo brasileiro depois do golpe de Estado, está “errado”, porque começa com outro programa. É que ficou da transmissão ao vivo e, por isso, editei outro, sem o falso começo e em resolução um pouco mais baixa, para ficar mais leve de carregar.

Vai abaixo e, para que todos entendam melhor a questão, reproduzo o texto que Paulo Metri, conselheiro do Clube de Engenharia, trata de um ponto que, durante o programa, não pude deixar claro o suficiente, mas com o que concordo plenamente: negócios ruinosos com propriedade pública não podem deixar de ser revistos. Do seu texto, só discordo dos imerecidos e exagerados elogios que me faz.

Está logo abaixo do vídeo.

História do golpe

Paulo Metri

Um dos melhores jornalistas investigativos do Brasil na atualidade, além de grande comunicador, Fernando Brito, afirmou no seu site Tijolaço que, “na venda do campo de petróleo Carcará, a Petrobras perdeu mais dinheiro do que já perdeu com a Lava Jato inteira”. Por outro lado, os detratores do PT afirmam que este partido causou um prejuízo imenso à Petrobras. Sem entrar na discussão sobre este partido ser responsabilizado pelos desvios na estatal, esta empresa está entregando, no período Temer, a preço vil o campo de Carcará para a Statoil. Devemos creditar esta “entrega” a qual partido?

Além disso, Carcará não está sendo entregue através de um leilão, procedimento que diminui a possibilidade de roubo. Dúvidas passam pela cabeça de qualquer brasileiro sabedor das desonestidades recentes, do tipo: “Desta vez, quem está roubando e quanto? O preço negociado representa uma doação e sem a existência de leilão!”

Lembramos à Statoil que o argumento do preço vil, com todo respeito aos juristas, pode ser utilizado em processo a ser colocado na nossa Justiça, pois nela é prevista esta argumentação. Assim, ela pode vir a acolher o processo. Por outro lado, logo a Statoil, que pertence ao povo norueguês, um dos mais desenvolvidos da face da Terra sob o ponto de vista humanístico, vir a participar da usurpação da riqueza de outro povo é muito estranho. Se fosse a Chevron ou a Exxon, por exemplo, eu não traria este argumento. A Statoil, pelo menos não tem suas perfuratrizes sujas de sangue, como as de muitas petrolíferas privadas internacionais, que carregam o sangue dos povos do Oriente Médio e dos africanos.

Não é porque um governo desonesto, impostor e golpista entrega o que não lhe pertence, dilapidando a riqueza do seu próprio povo, é que o beneficiário da usurpação está livre de ser julgado. Quando este governo sem legitimidade for destituído, seus atos poderão ser revistos. Certamente a revisão das desumanidades será proposta. Não se pode considerar “atos jurídicos perfeitos” aqueles assinados à revelia do povo e para prejudicá-lo. Povo este que é mantido desinformado pelos seus algozes, exatamente para não protestar contra os crimes que lhe afetam.

Está ocorrendo um golpe no Brasil, comprovado pelo butim que ocorre em todos os setores e consume as nossas riquezas, como o Pré-Sal. Pensar que o golpe tem motivação moralista é um ledo engano. Baseado no que Brito identificou, estão roubando e irão roubar mais do que o outro grupo roubou em passado recente. A presidente também não cometeu crime de responsabilidade. Querem tirá-la simplesmente para poderem reconstruir a máquina de assalto ao patrimônio nacional, que já existiu e, por exemplo, entregou a Vale do Rio Doce a preço vil.
A verdade é que os brasileiros vêm sendo explorados, há muitos anos. Pode-se dizer, por exemplo, que a miséria no Brasil é uma doença genética, pois transpassa gerações. Ressalve-se que, em alguns períodos, a luta pela inclusão social é maior do que em outros. Busco identificar qual a causa principal de tanta exclusão, assim como a razão que leva a nossa sociedade a não se rebelar, de forma masoquista, contra o erro sistemático. Além disso, questiono também qual é o principal grupo causador destes erros dentro do conjunto de brasileiros, buscando identificar melhor os responsáveis.

É preciso deixar claro, logo, que as camadas mais humildes da sociedade, o povão, não têm culpa alguma. Ele é mantido desinformado, inclusive para poder apoiar teses que lhe prejudicam e, no entanto, dão grandes lucros para donos do capital. A grande massa, que compõe o nosso povo, não compreende as verdadeiras razões do que está acontecendo e, em alguns casos, nem sabe o que acontece, graças à manipulação midiática. Eles vivem em um mundo criado para não opinarem livremente. Sobre assuntos relevantes de interesse do capital, o povão geralmente tem a mesma opinião que o dono do capital, o que demonstra existir algum erro.

A mídia convencional, aquela que é a mais assistida pelo povão, deve ser compreendida como um instrumento de dominação destas camadas pobres da sociedade pela elite econômica e política. Esta elite da sociedade brasileira, exploradora do povão, é uma figura abjeta. Para poder amealhar mais riqueza e acumular maior poder, ela não tem escrúpulos, manipula mentes divulgando versões mentirosas dos fatos. A classe média pode ser acusada de medrosa, pois, apesar de muitas vezes reconhecer a manipulação, cala-se, conciliando com a elite.

Assim, torna-se compreensível porque a BBC, até hoje, pertence a Estados que compõem o Reino Unido, tendo atravessado inclusive o governo Thatcher. Da mesma forma, existem canais de televisão na França também pertencentes ao Estado. No entanto, nossa televisão é um vergonhoso instrumento privado de dominação da população, sendo uma concessão pública.

Relacionado ao tema, vale lembrar que os Estados Unidos conseguem manter-se como país hegemônico graças a (1) ardiloso uso do discurso de valorização dos princípios democráticos e dos direitos humanos, nem sempre seguidos por seus aliados, (2) controle dos canais internacionais de informação (agências de notícias) e dos canais regionais (mídia tradicional e alternativa de países), (3) ações de inteligência, inclusive para monitorar e abafar reações nacionalistas consideradas como obstáculos à dominação, (4) suporte a suas empresas em nível internacional, (5) controle de organismos multilaterais, (6) diplomacia sem relutância na defesa do acesso a recursos naturais e mercados internos de outros países para as suas empresas, (7) criação de parcerias com oligarquias regionais corruptas e (8) a intervenção armada em alguns países para demonstrar determinação.

Enquanto a nossa elite se compor com forças estrangeiras para espoliar nosso povo, a mídia manipular a grande massa, evitando que ela se indigne, governante de esquerda achar que pode compor em itens substanciais com os donos de capital e os políticos de direita, o Brasil continuará sendo um país subdesenvolvido com desigualdade social e o seu povo continuará sofrendo. A direita domina a sociedade brasileira há 516 anos, com esparsos períodos de menos desigualdade econômica e social. Diferentemente do que ocorre em outros países, a elite brasileira odeia o seu próprio povo e, pelo visto, isto não irá ser revisto só com apelos racionais. Para deixar claro, o povo não é o culpado das injustiças que o fazem sofrer, nem do nosso atraso. O primeiro passo para se reverter o atraso é a democratização da informação para a grande massa.

Consciente deste contexto e com o distanciamento necessário para colocar todos os atores no campo de visão, nota-se um juiz de primeira instância, treinado nos Estados Unidos, com cobertura midiática intensa, determinada pelas mesmas forças externas que dilapidam nosso patrimônio e atrasam nosso desenvolvimento, com discurso moralista embusteiro, já utilizado sem sucesso pela UDN e por Jânio Quadros, com posicionamento claramente parcial, utilizando-se de mal feito de escroques sem partido, que atuam há anos no Estado brasileiro, sem estrutura para ser mais do que é, mostra-se um provinciano.

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