Gal. Villas Boas, em 6/2017: intervenção é desgastante e perigosa!
(Reprodução/Twitter)
De Sergio Lirio, na Carta Capital:
Limitado pelas regras hierárquicas das Forças Armadas e pelas circunstâncias, o general Eduardo Villas Boas, comandante do Exército, preferiu emitir mensagens cifradas sobre o decreto de intervenção federal no Rio de Janeiro.
Em sua conta no Twitter, o oficial primeiro tratou de delimitar as devidas responsabilidades pela decisão: “Acabei de reunir-me com o General Braga Netto (...) Da análise, concluímos q a missão enlaça o General diretamente ao Sr PR”.
Na sequência, Villas Boas avalia a situação fluminense: “Os desafios enfrentados pelo estado do RJ ultrapassam o escopo da segurança pública, alcançando aspectos financeiros, psicossociais, de gestão comportamentais (...).
Os tweets não deixam, porém, de revelar o incômodo das Forças Armadas com a convocação do Palácio do Planalto. No ano passado, Villas Boas, em duas ocasiões, foi explícito em relação ao uso dos militares no patrulhamento interno. Em 22 de junho, durante uma audiência pública no Senado, o general afirmou que o uso de soldados em atividades de segurança pública é “desgastante, perigoso e inócuo”. E sugeriu que o modelo, implantado por meio de decretos presidenciais, deveria ser repensado.
“Não gostamos deste tipo de emprego. Não gostamos”, disse aos senadores, antes de contar uma história: “Eu, periodicamente, ia até lá (Favela da Maré) e acompanhava nosso pessoal, nossas patrulhas na rua. E um dia me dei conta, nossos soldados, atentos, preocupados, são vielas, armados, e passando crianças, senhoras, pensei, estamos aqui apontando arma para a população brasileira. Nós estamos em uma sociedade doente”.
Em 30 de dezembro, também pelo Twitter, Villas Boas voltou a tratar do assunto, um dia depois de o governo autorizar o envio de 2 mil militares para o Rio Grande do Norte. “Preocupa-me o constante emprego do @exercitooficial em “intervenções” (GLO) nos Estados. Só no RN, as FA já foram usadas 3 X, em 18 meses. A segurança pública precisa ser tratada pelos Estados com prioridade “Zero”. Os números da violência corroboram as minhas palavras”, escreveu.
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