Gilmar aponta falta de ética de Moro por aceitar Ministério de Bolsonaro
O ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal) fez críticas à postura do ex-ministro Sergio Moro que se aproximou do bolsonarismo antes mesmo da eleição.
Para Mendes, foi uma "opção eticamente muito complicada".
"Ele acabou fazendo essa opção e se integrou ao governo Bolsonaro. Eu tenho até a impressão que ele já estava integrado nesse movimento antes. Eu chamei atenção em uma entrevista de quando o Moro faz um vazamento daquelas declarações do (Antonio) Palocci. Portanto, de alguma forma, ele já estava integrado a esse movimento do candidato Jair Bolsonaro. E a opção que ele faz, para ficar no plano ético, de ir para o governo de um adversário de quem cuja prisão ele tinha decidido, no caso do Lula, é uma opção eticamente muito complicada", afirmou ao jornal O Globo.
"É um pano de fundo de questões éticas que podem ser discutidas lado a lado. Nós somos as nossas escolhas, e aqui me parece que as escolhas não foram felizes do ponto de vista de quem convidou, porque se estava tirando de Curitiba um juiz que estava largamente imerso naquela realidade, estava inclusive vinculado como o maior símbolo do combate à corrupção em relação à condenação do Lula. Mas o Lula era o grande adversário do Bolsonaro e tudo o que ele representava. Portanto, pareceu um "prêmio" por essa atividade. E por parte do Moro, aceitar inclusive com essa condição de ficar um tempo lá (no ministério) e depois ir para o Supremo. E ele era aquele elemento mínimo de lustração que se daria a um governo cujas características não estavam bem definidas", completou o ministro.
No último sábado (02/IV), Moro prestou depoimento sobre as acusações que fez contra o presidente.
Ao apresentar provas de interferência do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na Polícia Federal, o ex-juiz pode se autoincriminar no inquérito aberto no STF (Supremo Tribunal Federal).
De acordo com especialistas entrevistados pela Folha, Moro pode ter cometido três crimes: prevaricação, denunciação caluniosa e crimes contra a honra.
A pena pode chegar a mais de 10 anos de prisão.