Gilmar solta quem ameaça investigado de morte
"Vocês não morreram ainda porque eu quero receber, mermão..."
publicado
24/08/2017
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Rogério Onofre, ex-presidente do Detro (Foto: Reprodução/Globo)
Do Globo Overseas:
'Vocês não morreram ainda porque quero receber', disse réu solto por Gilmar Mendes
O Ministério Público Federal (MPF) acusou o ex-presidente do Departamento de Transportes Rodoviários (Detro) Rogério Onofre de ter ameaçado de morte outros dois investigados na Operação Ponto Final, que apura um esquema de corrupção no setor dos Transportes do Rio. Em função dos novos fatos, o MPF pediu, novamente, a prisão preventiva de Onofre, que se beneficiou de um habeas corpus concedido na terça-feira pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF). (...) Onofre já se tornou réu e é acusado de ter recebido R$ 44 milhões em propina entre 2010 e 2016.
As ameaças, segundo a investigação, foram feitas contra os empresários Guilherme Vialle e Nuno Coelho, detidos em um desdobramento da operação. Nesta quarta, o MPF teve acesso a um áudio enviado por Onofre a Vialle, antes de ser preso. Na gravação, Onofre afirma que Vialle e Coelho “ainda não morreram” em função de supostas dívidas que os empresários teriam com ele.
“Vocês não estão tendo noção do que eu estou passando, nem do que vocês me devem. Eu não sei o que está havendo com vocês. Vocês não estão acreditando, rapaz, na sorte. Vocês ainda não foram... morreram ainda porque eu quero receber, mermão. Agora eu tô percebendo que vocês não vão pagar mesmo, aí então... nós vamos resolver isso...”, disse Onofre.
Em outro momento, o ex-presidente do Detro afirma que vai procurar os empresários: “Vou aí com meu pessoal essa semana aí. Dá um jeito aí. Dá um jeito que eu vou conversar com vocês aí, com você e com Nuno. Vou conversar de outra maneira. Vou conversar mais sério porque parece que vocês não estão nem aí”.
(...) Em depoimentos à Polícia Federal após serem presos, Vialle e Coelho também relataram as ameaças sofridas. Coelho afirmou que Onofre disse que sabia onde ele e a família de Vialle moravam porque já havia "investigado". Coellho acrescentou que Vialle contou a ele que "capangas armados" haviam rondado a sua casa, algumas semanas antes das prisões da Operação Ponto Final. Em depoimento, Vialle relatou que Onofre teria dito que, antes de matá-lo, iria "torturá-lo e empalar". (...)
[O juiz Marcelo] Bretas ressalta que não decretou a prisão em função de a liberdade de Onofre ter sido determinada pelo STF. "Embora gravíssimos os fatos expostos, que implicam em ameaça à vida de outros dois investigados e de suas famílias, corroborados pelo áudio apresentado, entendo, ante o posicionamento adotado pelo Ministro Relator Gilmar Mendes, que este juízo está impossibilitado de, neste momento, analisar a questão, apesar de ser altamente recomendável seja proferida decisão a este respeito", escreveu o juiz.