Governo Bolsonaro: nada pelo social
(Crédito: Marcos Corrêa/PR)
Por Helena Chagas, do blog Os Divergentes - Com o ex-presidente Lula na rua, e o rastilho de manifestações na América do Sul, o establishment político e econômico brasileiro decidiu olhar para o social. Economistas liberais passaram a dar entrevistas defendendo soluções para reduzir a miséria, e o presidente da Câmara, o liberal Rodrigo Maia, decidiu apadrinhar uma agenda com medidas de redução das desigualdades elaborada pelo movimento Acredito. O governo, para variar, chegou atrasado à cena e tenta anunciar sua investida social ampliando o Bolsa Família.
Mas aí é que está o problema: agenda social não é remédio que se tira da prateleira na hora em que é preciso, de forma oportunista, mostrar serviço, calar a boca dos críticos ou entrar com discurso numa eleição. O até ontem bem estruturado sistema de proteção social implantado no país no passado recente levou anos para ser estruturado, é resultado de estudos de especialistas e, acima de tudo, foi um dos eixos do projeto econômico dos governos petistas.
O social tem sido um tema absolutamente secundário — quando não um tremendo inconveniente por ser fonte de gastos — no receituário desses dez primeiros meses de governo.
Mais do que isso, Bolsonaro e sua equipe dedicaram-se a desmantelar programas como o Farmácia Popular, o Minha Casa Minha Vida, o incentivo à compra de produtos da agricultura familiar para a merenda escolar, a entrega de creches aos municípios, a implantação do horário integral nas escolas… Sem noção, tentaram implementar medidas que sacrificam ainda mais a população mais pobre, como, por exemplo, a recente cobrança de contribuição previdenciária sobre o seguro-desemprego.
O Bolsa Família, marca internacional, foi preservado, mas sofreu uma clara redução. Não acompanhou o crescimento da miséria e o aumento da população necessitada, colocada à margem pelos altos índices do desemprego. Em vez de incluir, excluiu.
A equipe de Jair Bolsonaro não tem ideia de que agenda social é algo muito mais amplo do que a destinação de um dinheirinho a mais para um programa ou outro. Passa por uma mudança de eixo na política econômica e, sobretudo, de concepção de projeto de governo.
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