Homem diz que postagem racista foi "crítica às cotas"
Mídia 4P: suspeito foi convocado para depor no MS
publicado
09/09/2019
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Reprodução
Do Mídia 4P:
Homem responderá por racismo após publicar foto de macacos brigando por cota
Um homem de 28 anos teve seu computador apreendido e foi convocado para depor em uma acusação de racismo na cidade de Brasilândia, a 355 quilômetros de Campo Grande. De acordo com a polícia, ele teria postado uma fotografia retratando uma luta entre dois macacos e com a seguinte afirmação: “Quando sobra uma vaga de cota”.
A denúncia foi apresentada pelo Ministério Público de São Paulo, mas investigada pela polícia de Mato Grosso do Sul. Segundo informações do site Campo Grande News, o delegado Thiago José Passos da Silva, titular de Brasilândia, informou que o mandado de busca foi cumprido na sexta-feira, 6, na residência de um morador da cidade, apontado como autor da postagem.
A postagem foi comunicada ao MP de São Paulo que, por sua vez, acionou a Decradi (Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância), também do Estado vizinho, que realizou investigações que levaram à identificação do IP – o “endereço eletrônico” do computador – e a linha telefônica usada par acessar a internet, em Brasilândia.
A Polícia Civil do Estado foi, então, acionada, com o objetivo de cumprir a busca e apreensão do equipamento e de outros possíveis materiais de cunho racista que poderiam estar armazenados no local. A medida foi seguida com base em mandado autorizado pela Justiça e com aval do MP. Além do computador, um telefone celular e um pen drive foram recolhidos e serão encaminhados para a perícia em busca a outras menções de cunho racista ou de intolerância.
Passos ressaltou que, embora a infração estivesse comprovada por meio de prints e da quebra de sigilo telemático, a busca e apreensão possibilitará que se tenha mais provas para a acusação e ajudará na identificação de outros possíveis atos do gênero.
Segundo o delegado, o autor da postagem, cujo nome não foi revelado, confessou a autoria da postagem, mas negou o cunho discriminatório: na visão do suspeito, foi uma “mera crítica ao sistema de cotas universitárias”.
O delegado atua há dois anos em Brasilândia e disse ter sido a primeira vez em que identificou este crime na cidade. Após a perícia, o inquérito será finalizado “e encaminhado ao Ministério Público para propositura da ação penal”, destacou. A pena por crime de racismo nos moldes investigados prevê multa e pena de dois a cinco anos de prisão.
A Polícia Civil pede, ainda, que crimes dessa natureza sejam denunciados, inclusive de forma anônima.
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