Jandira Feghali: resistência para barrar os ataques de Temer
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O Conversa Afiada reproduz artigo da deputada federal Jandira Feghalli (PCdoB-RJ):
O gigante tapete verde da Esplanada dos Ministérios em Brasília foi tomado por quase 20 mil manifestantes de todo o país nessa semana. Caravanas de estudantes, professores, trabalhadores do campo e da cidade, indígenas, aposentados e movimentos de luta pela moradia se deslocaram à capital federal a fim protestarem contra a perversa PEC 55, a emenda constitucional que corta e congela recursos do orçamento da União. A manifestação que transcorria pacificamente logo se transformou num campo de batalha, por conta da desnecessária e brutal repressão policial. Não havia registros de tamanha truculência por parte da Polícia Militar do Distrito Federal sobre milhares de cidadãos indefesos, muitos menores de idade, que apenas reivindicavam a manutenção de direitos à saúde, à educação e de outras áreas que sofrerão com os cortes do (des) governo de Michel Temer e de seus representantes no Congresso Nacional.
Não é de hoje que os golpistas que assumiram o Palácio do Planalto e a sua tropa de choque na Câmara e no Senado Federal provocam estragos na economia nacional e sustentam a retirada de direitos. Isso já não é mais novidade - basta ver a crise que Temer e a sua equipe desqualificada impuseram ao Brasil. Mas a face perversa do golpe também mostra as suas garras pela força com que trata os movimentos sociais. Basta pensar diferente e argumentar que o caminho não é o corte de investimentos para que eles acionem a “Choque” e dispositivos repressivos com o objetivo de intimidar e bater em que ousa questionar os desmandos dessa gestão falida e sem voto.
A pancadaria, o gás lacrimogênio, o spray de pimenta, as balas de borracha, as bombas de efeito moral, o cassetete e a cavalaria expuseram ao País a atitude de quem não sabe conviver com o regime democrático. A violência do Estado resultou em 112 detidos e 40 manifestantes que tiveram de ser atendidos em hospitais, vítimas da repressão. A marca da arbitrariedade contra os manifestantes tem o DNA das práticas utilizadas pelos governos do PSDB em São Paulo e no Paraná, onde os governadores Geraldo Alckmin e Beto Richa, respectivamente, adotam a cartilha da criminalização e violência contra os movimentos sociais. Assim, Michel Temer segue os ensinamentos de seus aliados, usa a força e abdica do debate e do respeito às opiniões divergentes.
Os criminosos não estavam nos gramados da Esplanada. Ao contrário, os manifestantes queriam ser ouvidos para que não faltem mais recursos à construção de hospitais, à abertura de novos leitos hospitalares, para que o SUS não sucumba, para que não faltem medicamentos nas farmácias populares; os jovens - que pacificamente se manifestavam - lutam por mais e não menos recursos para a edificação de mais escolas, novas vagas em creches, mais salas de aula, de ampliação e não fechamento de vagas nas universidades.
No mesmo ato, os participantes ainda afirmaram que não aceitam a medida provisória que deforma o ensino médio, uma vez que sabem da importância de estudar filosofia e sociologia, por exemplo. Mas os senadores não escutaram, mas sim, trucidaram com os seus 61 votos as esperanças e os sonhos de milhões de brasileiros que precisam de SUS e de educação pública, ao aprovarem em primeiro turno a PEC da Maldade. Certamente não foram os jovens os criminosos no dia 29 de novembro.
Da mesma forma, é de se notar que foram explícitas as ações de infiltrados, os quais já provocaram atos de vandalismo em outras manifestações. Existem centenas de registros de imagens, que mostram grupos de extrema-direita e outros que recentemente até invadiram o plenário da Câmara dos Deputados, com o objetivo único de causar tumulto. Essa gente estava no protesto. A polícia deveria ter usado a inteligência a fim de isolar os provocadores e retirá-los do ato ao invés de usá-los para agredir todos.
Reiteramos que não há por parte dos estudantes vandalismo. É bom que isso fique claro. Portanto, mais inteligência e menos truculência, Polícia! E, mais do que nunca, é hora de mantermos a resistência contra a supressão das conquistas dos últimos anos, as quais estão em pleno desmonte pelo governo. Nossa luta nas ruas, nas redes sociais, em todos os espaços, é de gritar em alto e bom som: renuncia, Temer, diretas já!
- Jandira Feghalli
Médica, deputada federal (PCdoB-RJ) e líder da Minoria