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Kakay: em Portugal Deltan estava em cana

Usar o PiG para oprimir dá cadeia!
publicado 06/05/2017
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Wagner Jordão foi vítima da superexposição e da humilhação denunciadas por Kakay

De Iana Caramori, no Diário do Poder:

A superexposição e a espetacularização dos depoimentos de investigações brasileiras, pela mídia e por autoridades, foram alvos de crítica do advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, um dos criminalistas mais requisitados de Brasília.

Ele se referia à divulgação em que Wagner Jordão, um dos acusados na Operação Calicute, do Rio de Janeiro, acusado de ser um dos operadores da quadrilha chefiada pelo ex-governador Sérgio Cabral, aparece chorando diante do juiz e suplicando prisão domiciliar e se queixando do "inferno" da prisão e das baratas e ratos que infestam sua cela.

“É óbvio que essa superexposição que se faz, principalmente pelos procuradores da Lava Jato... A imprensa tem o direito e o dever de divulgar, mas o juiz permitir e a Procuradoria fazer pré-julgamento, essa superexposição, levando a espetacularização e humilhação das pessoas, é uma pena acessória, é desumano e não leva a um combate correto do crime organizado.”

Kakay destaca que em outros países a exposição de algumas informações sobre uma denúncia antes mesmo do recebimento do processo, prática comum entre procuradores brasileiros, é visto com espanto. “Os procuradores de Portugal não quiseram acreditar e disseram que, se fosse em Lisboa, esses procuradores seriam presos pelo excesso [do uso] de mídia opressiva.”

Já na Suíça, por exemplo, acusados não podem ter fotos divulgadas na imprensa, que só são citados por meio das iniciais de seus nomes, afirma Kakay. O advogado cita ainda um caso em que um condenado, na Áustria, teve o direito de manter sua dignidade garantido por uma comissão europeia de direitos humanos, depois que um jornal austríaco fez pré-julgamento sobre o caso em que estava envolvido. “A pessoa disse que esse pré-julgamento era atentatória aos direitos humanos, aos direitos de dignidade do cidadão.”

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