Lacerda, o impítim e o purgante
O ansioso blogueiro teve nessa sexta 18/12 o imenso prazer de voltar a participar, em Salvador, do programa do consagrado político-radialista Mário Kertész, na sua Rádio Metrópole.
Foram duas horas de bate-papo sobre Política, políticos - e sobre o Brasil.
Mário lê tudo, sabe tudo sobre a política contemporânea brasileira, com uma memória que se ilustra na argúcia.
Foi para tratar do livro "O Quarto Poder", que segue vitoriosa carreira (modestamente...).
Mário quis saber de Carlos Lacerda.
Jovem correspondente da Veja em Nova York - quando se podia dizer na frente de senhoras de recato que se trabalhava na Veja -, o ansioso blogueiro trabalhou com Lacerda.
Lacerda tinha sido contratado pela revista Realidade - também da editora Abril - para cobrir a eleição Nixon vs Humphrey, em 1968.
E os dois lá se foram atrás de um e de outro, pelos Estados Unidos afora.
Ao final, nos concentramos na campanha de Nixon, cujo QG se instalou no hotel Waldorf Astoria, em Nova York, que se tornou célebre quando o Aecím ali passou a lua de mel por conta dos dinheiros do banqueiro André Esteves.
Antes de atravessar a Madison Avenue para ir ao Waldorf, Lacerda convidou para um jantar num restaurante em frente.
Ele estava eufórico!
Era um Golpista inescrupuloso, mas carregava a chama do repórter inquieto, ansioso.
A expectativa de cobrir o momento decisivo de uma eleição presidencial o transtornava.
(Nixon ganhou apertado e convidou Lacerda para comemorar na suíte presidencial... Onde Aecím deve ter estado...)
A certa altura do jantar, Lacerda disse assim, sem mais nem menos:
- Adoro eleição. Eleição é como purgante. Lava tudo por dentro.
E não é que, agora, alguns poucos anos depois o ansioso blogueiro se deu conta de que o impítim foi outro purgante?
Lavou o Brasil por dentro.
Sacudiu o Governo Dilma, que, depois do Levy, precisa livrar-se desse zé.
Mas, criou um Terceiro Mandato com o Barbosa e o Jaques Wagner no Palácio.
É a oportunidade de governar para quem lhe conferiu um segundo mandato.
O purgante do Lacerda revelou um Supremo altivo e sábio, como demonstrou o professor Wanderley.
Lá dentro, nas entranhas do mal - como as de Star Wars - revelou-se, em malignidade integral, o Gilmar (PSDB-MT).
Ao se retirar da histórica sessão, um ministro que ficou até o fim disse a outro, igualmente revoltado: "é um palhaço".
O purgante expeliu essa troupe de circo mambembe, de moralistas sem moral.
O Príncipe da Privataria, comprador de reeleição, o Aecím de Furnas, e o Padim Pade Cerra, desmoralizado por duas valentes mulheres - Kátia Abreu e Conceição Lemes.
Como um desqualificado do ponto de vista moral e um suspeito de ser o Amigo #1 das empreiteiras da Lava Jato.
E os vazos piguentos.
Os que militam no Golpe na qualidade de receptores de material excretado pelos (ou pelo, um único?) vazadores.
Expeliu o Dr Janot, que só pegou o Cunha depois que tinha perdido a serventia.
E, como o Moro, aos tucanos corruptos, que trafegam sob suas largas bochechas, sobre esses... "não vem ao caso".
E expeliu o Dr Moro.
A quem a Casa Grande atribuiu fechar a Petrobras, derrubar a Dilma e prender o Lula.
Das tarefas, só restou a última.
Se dela não se desvencilhar, terá o destino de outro que ia salvar o Brasil da corrupção petista: ser ilustre tuiteiro.
A Casa Grande não volta para recolher os feridos.
O Brasil não ficará muito melhor depois que se fizer a limpeza completa dos restos que o purgante espalhou no ambiente.
Brasil ficará muito parecido, porque a capacidade de resistência da Casa Grande não desprezível, ainda.
São séculos e séculos de mando e chicote.
Deixou muita gente amarrada ao pelourinho.
Até hoje.
Mas, como ficou provado que 2015 jamais repetiria 1964, daqui por diante os impostores terão mais trabalho para encenar a farsa.
O purgante do Lacerda terá sido útil.
Paulo Henrique Amorim