Lava Jato usou "dica" do Antagonista para fuçar a vida da nora de Lula
(Reprodução/Redes Sociais)
O Conversa Afiada mostrou mais cedo nesta segunda-feira 20/I, a partir de reportagem do Intercept Brasil, como a força-tarefa da Operação Lava Jato usou o site O Antagonista para interferir na escolha do presidente do Banco do Brasil no início do governo de Jair Bolsonaro. Clique aqui para ver todos os detalhes.
Mas o novo capítulo da série de reportagens Vaza Jato traz, ainda, outras provas da colaboração entre os procuradores da República de Curitiba e o site de Diogo Mainardi, Mario Sabino e Claudio Dantas.
No começo de 2016, a Lava Jato preparava o seu passo mais polêmico até ali: a fase da operação que levaria à condução coercitiva do presidente Lula para que ele prestasse depoimento à Polícia Federal.
Em janeiro daquele ano, a Lava Jato recebeu de Claudio Dantas uma informação que, mesmo sem provas, levou os procuradores da República de Curitiba a fuçar (sem autorização judicial) os dados fiscais de Marlene Araújo Lula da Silva, nora do presidente Lula.
Segundo os diálogos mantidos no aplicativo Telegram, Dantas disse ao procurador Januário Paludo que Marlene teria recebido da empreiteira OAS um imóvel no novo terminal de passageiros do Aeroporto de Guarulhos. Afirma o Intercept: "A fé da Lava Jato em seus porta-vozes na imprensa bastou para que Paludo dissesse aos colegas que pediria informalmente à Receita Federal – ou seja, sem controle judicial – uma devassa na vida de Marlene, como Intercept e Folha de S. Paulo já mostraram".
Veja diálogo mantido em 13 de janeiro de 2016 no grupo "3plex":
Januário Paludo – 15:31:00 – Olá meninos. Acabei de chegar em Curitiba. Estou quebrado por que vim de carro. Amanhã de manhã estarei aí. Conseguiram poder para o Jonatas fazer a pesquisa da nota do lula?
Julio Noronha – 15:32:13 – Oi Januário! Que bom que você chegou! Estamos ansiosos por sua volta!!!1
Athayde Ribeiro Costa – 15:32:31 – estamos com sauddes januario
Noronha – 13:32:41 – Pesquisa sobre a Marlene?
Paludo – 16:02:44 – Isso
Paludo – 16:02:44 – Marlene lula da Silva. Tem que ver a dói com nome de solteira.
Paludo – 16:03:14 – E aquisição em guarulhos aeroporto.
Noronha – 16:04:53 – Vou pedir aqui agora
Paludo – 16:06:54 – A oas teria doado. E foi quem fez a obra de ampliação.v
Paludo – 16:07:41 – Acho que se a informação for quente temos uma boa probabilidade.
Paludo – 16:08:24 – Pode ter sido mera concessão de área.
Paludo – 16:09:15 – Hoje o local estaria locado para o restaurante Rascal.
Noronha – 16:09:22 – Maravilha! Pode ser uma boa mesmo
Paludo – 16:09:50 – O Claudio Dantas que me passou a informação.
Naquele mesmo dia, outro procurador da Lava Jato, Júlio Noronha, recebeu pelo Telegram a seguinte informação, vinda de um assessor: “Dr Julio, no COAF tem qualquer indicação suspeita dela, por isso não gerou a DOI. No CENSEC não constam escrituras ou procurações para o CPF dela. No Rastreamento societário aparece uma bar da qual ela foi sócia entre 2000 e 2002″.
Mesmo assim, lembra o Intercept, a Lava Jato tinha tanta fé na "dica" do Antagonista que pediu formalmente a Sergio Moro, então juiz da operação, a quebra do sigilo fiscal e bancário de Marlene Araújo. Moro recusou, alegando que não vislumbrava “causa suficiente” para a medida contra ela.
Finaliza o Intercept: "Nada jamais foi encontrado contra Marlene, casada com Sandro Luís Lula da Silva, um dos filhos do ex-presidente. Ela nunca foi indiciada ou acusada de crime pela Lava Jato. Nem isso e nem os repetidos avisos dos assessores de comunicação do Ministério Público Federal sobre a pouca credibilidade do site – que veremos adiante – diminuíram o prestígio do Antagonista com os procuradores".
Leia a íntegra da reportagem no Intercept Brasil.
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