Líder de Paraisópolis: favelas serão as grandes vítimas do coronavírus
(Reprodução/Rodrigo Vilar na Wikipedia)
O presidente da União de Moradores e Comerciantes de Paraisópolis (zona sul da capital paulista), Gilson Rodrigues, detalhou em entrevista à BBC News Brasil as preocupações dessa - e de muitas outras comunidades - em relação à pandemia do novo coronavírus.
"É onde mais vão se registrar casos [de covid-19], vai ser nas favelas. Porque como é que um idoso vai entrar em uma situação de isolamento em uma casa com dez pessoas e dois cômodos? Esse isolamento é um isolamento para 'gringo ver', para rico. O pobre não tem condição de fazer. Vamos ter muitas perdas nas favelas, infelizmente", alerta Rodrigues.
Ele é um dos líderes e fundadores do G-10 das Favelas, bloco que reúne empreendedores sociais das principais comunidades do país: Rocinha (RJ), Rio das Pedras (RJ), Heliópolis (SP), Paraisópolis (SP), Cidade de Deus (AM), Baixadas da Condor (PA), Baixadas da Estrada Nova Jurunas (PA), Casa Amarela (PE), Coroadinho (MA) e Sol Nascente (DF).
"Estou muito preocupado. Tem muita gente ligando para mim, líderes de comunidades, chorando", prossegue Rodrigues.
Para ele, as medidas do governo de combate ao coronavírus ignoram a realidade das favelas. "Daqui a pouco vai aparecer um número gigante [de casos confirmados de covid-19], não só em Paraisópolis, mas em outras favelas do país, e vão fazer da favela uma grande vilã. Só que a favela é a grande vítima", afirma.
"O que pode acontecer é que vão crescer tanto os casos nas favelas que eles vão trancar as favelas, bota o Exército, ninguém sai e ninguém entra. E a gente está gritando socorro, para que alguém nos ajude, mas até o momento estamos sendo ignorados", completa.