Líder do Bolsonaro é uma ilha fiscal cercada de agiotas
Bezerra abraça com entusiasmo Paulo Roberto Costa da Petrobras, enquanto Eduardo Campos (do jatinho sem sem dono) assina...
Por Fabio Serapião, na Crusoé:
Os agiotas do líder
O relatório número 14.463 do Conselho de Controle de Atividade Financeira, o Coaf, dá o caminho para entender o motivo que uniu boa parte dos congressistas brasileiros para retirar a unidade de inteligência financeira da aba do ministro da Justiça, Sergio Moro. Muito embora os informes produzidos pelo órgão já tenham resultado em dores de cabeça para políticos de toda estirpe e coloração partidária, esse, em especial, deu início a uma investigação que resultou no acordo de colaboração premiada de dois operadores financeiros pernambucanos. Um dos citados é o atual líder do governo Jair Bolsonaro no Senado, Fernando Bezerra Coelho, do MDB. Justamente o relator da medida provisória cuja tramitação legislativa acabou por tirar o Coaf de Moro.
Crusoé teve acesso exclusivo a alguns trechos dos depoimentos em posse do Ministério Público Federal e da Polícia Federal. Neles, os delatores Carlos Lyra e Eduardo Leite, o Ventola, descrevem operações financeiras feitas para Bezerra, expoente de uma das principais oligarquias políticas de Pernambuco que tem no adesismo amplo, geral e irrestrito uma de suas principais marcas. Foi aliado de Lula, Dilma Rousseff, Michel Temer e, agora, desponta como grande apoiador de Bolsonaro. De Dilma, ele foi ministro da Integração Nacional de 2011 a 2013.
Tudo começou quando o documento foi enviado pelo Coaf para a Polícia Federal, depois do trágico 13 de agosto de 2014, quando a aeronave Cessna Citation, prefixo PR-AFA, caiu em um bairro de Santos (SP). Uma das vítimas foi o então candidato à Presidência Eduardo Campos, do PSB. A apuração das causas do acidente não foi conclusiva. Entretanto, a revelação dos nomes dos proprietários do avião levou à produção do relatório com informações sobre operações atípicas de duas empresas deles utilizadas na compra do jato — e cujas irregularidades propiciaram, dois anos depois, a realização pela PF da operação Turbulência.
Carlos Lyra, um dos presos naquela manhã de terça-feira da operação Turbulência, aparecia como dono do avião e, ao lado de seu futuro companheiro de delação, surgia como líder de uma rede de empresas de factoring e outras empresas de fachada que recebiam altos valores de empreiteiras e de outros operadores detidos na Lava Jato. Ele e Ventola eram conhecidos agiotas do Recife, capital do estado governado por Eduardo Campos entre 2007 e 2014. Acabariam denunciados pelo Ministério Público Federal como operadores da Camargo Corrêa e OAS. Descobriu-se que ambos eram o elo financeiro entre as empreiteiras e Campos e Bezerra, na obra da refinaria de Abreu e Lima, da Petrobras.
Na época da denúncia, Lyra e Ventola negaram atuar em operações para as empreiteiras. No entanto, diante de provas irrefutáveis, optaram por um acordo de delação premiada no ano passado, em que confirmam ter atuado tanto para as empresas como para os dois políticos. Nos depoimentos, mostram detalhes de como eram levantados recursos financeiros para campanhas eleitorais. Os fatos narrados compreendem os anos de 2010 a 2014. Basicamente, são três situações descritas por Lyra e Ventola: empréstimos pagos por empreiteiras, remessas para o operador pessoal de Bezerra e retiradas de dinheiro em espécie em empresas de São Paulo.
(...)
Em tempo: sobre o jatinho sem dono é importante rememorar aqui e aqui. Lamentavelmente, a Ministra do Tribunal das Contas, Ana Arraes não prestou ainda os esclarecimentos que o tema merece... Nem a Bláblárina, que no jatinho viajou seis vezes na infausta campanha presidencial de 2014. - PHA