Lula ao congresso da CUT: Bolsonaro é um retrocesso sem precedentes!
Haddad lê a carta de Lula aos participantes do Congresso: "tenho certeza de que vocês terão um plano de lutas à altura dos graves desafios nacionais" (Créditos: Jordana Mercado/CUT)
Teve início nesta segunda-feira 7/X o 13o Congresso Nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT), em Praia Grande, litoral de São Paulo.
Em um cenário conturbado, com ataques aos direitos dos trabalhadores e ampliação do desemprego, o Congresso não poderia ter outro tema: "sindicatos fortes, direitos, soberania e Democracia".
A presidenta Dilma Rousseff falou durante o ato de abertura, na noite de segunda-feira, e destacou o papel da CUT na articulação da resistência contra os abusos de Bolsonaro: "os sindicatos estão em pé e aprendendo a lutar nessa fase adversa. Não só a democracia foi ameaçada, mas uma das maiores vítimas foi a verdade".
Créditos: Dino Santos/CUT
Fernando Haddad, candidato à presidência em 2018 e ex-prefeito de São Paulo, também realizou um discurso em defesa de um "projeto democrático radical que recoloque o trabalho no centro de nossas preocupações".
Haddad também leu uma carta enviada pelo presidente Lula ao Congresso.
O documento está disponível no site Lula.com.br:
“É preciso intensificar a luta contra projeto destrutivo do governo” escreve Lula a CUT
Companheiras delegadas e companheiros delegados ao 13º Congresso Nacional da CUT,
Dirigentes da nossa querida Central,
Delegadas e delegados internacionais,
Desde a sua fundação, naquele inesquecível 28 de agosto de 1983 – e eu tenho um orgulho enorme de ter ajudado a criar essa Central –, a CUT sempre cumpriu um papel fundamental na defesa da classe trabalhadora, da democracia e do desenvolvimento nacional.
Nesses 36 anos de vida e de lutas, a CUT foi participante ativa, e tantas vezes decisiva, das grandes conquistas sociais, econômicas e culturais do povo brasileiro. O Brasil não teria dado, durante os governos populares, o verdadeiro salto histórico que deu, em termos de crescimento econômico, combate à pobreza e à desigualdade, geração de empregos, distribuição de renda e inclusão social, sem a contribuição independente e mobilizadora da CUT.
Da mesma forma, a Central sempre esteve na linha de frente da resistência a toda e qualquer tentativa de ferir a democracia e de confiscar direitos do nosso povo. Basta lembrar, nos anos recentes, a sua tenaz oposição ao golpe de Estado que derrubou a presidenta Dilma bem como a sua permanente mobilização, em parceria com outros movimentos sindicais e populares, contra a escalada autoritária, antinacional e antipopular que está em curso no país.
Hoje, mais do que nunca, é necessário intensificar a luta para barrar o projeto destrutivo do governo de extrema direita, que ameaça provocar um retrocesso histórico sem precedentes. Foi na luta social e política que derrotamos a ditadura militar e é na luta democrática e transformadora que vamos derrotar o governo Bolsonaro e a tragédia nacional que ele está causando.
O papel da CUT continua insubstituível na defesa da soberania nacional e no combate à escandalosa submissão do Brasil à política unilateral, imperial e guerreira dos Estados Unidos.
Continua insubstituível na luta contra a absurda privatização das nossas maiores – e mais estratégicas – empresas públicas.
E também na luta contra o desmonte criminoso de políticas sociais indispensáveis para a existência digna de dezenas de milhões de brasileiros.
Sem falar na luta contra a exploração predatória da Amazônia e a destruição do sistema de proteção ambiental que levamos tantos anos para construir.
E na luta contra o desemprego, a miséria e a fome que voltaram a assolar o país.
E é claro que a CUT deve continuar liderando a luta contra as tentativas do governo Bolsonaro de fragilizar e destruir as organizações sindicais e a legislação trabalhista.
Por tudo isso, esse 13º Congresso é muito importante não só para a CUT e a classe trabalhadora, mas para o país como um todo.
Tenho certeza de que vocês tomarão as decisões necessárias para atualizar e fortalecer a organização da Central e para traçar um plano de lutas à altura dos graves desafios nacionais.
Tenho certeza de que a CUT continuará também prestando a sua solidariedade ativa às lutas dos trabalhadores da América do Sul, da América Latina e do mundo inteiro, e ajudando a consolidar um sindicalismo internacional democrático e combativo, capaz de enfrentar com êxito a ofensiva do capital para desregulamentar e precarizar o mundo do trabalho.
Gostaria muito de estar aí hoje junto com vocês, como sempre estive. Mas vocês sabem que política e moralmente estou aí sim, abraçado a cada companheira, a cada companheiro.
Daqui onde estou, sem barganhar em momento algum a minha dignidade, muito mais livre que meus algozes, que continuam presos a suas mentiras, envio às mulheres e homens que fazem da CUT esse admirável instrumento de luta do povo brasileiro, a minha mais carinhosa saudação. Luiz Inácio Lula da Silva
Em tempo: o Congresso da CUT vai até a quinta-feira 10/X.
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