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Lula: as ruas me inocentarão

Lula a Maria Inês Nassif: o que interessa é o tribunal me declarar inocente
publicado 25/01/2018
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Lula com o povo no ato da Praça da República, São Paulo, no fim da tarde de quarta-feira 24/I (Créditos: Ricardo Stuckert)

O Conversa Afiada reproduz trechos da reportagem de Maria Inês Nassif, no Pig cheiroso:

Lula diz que sua inocência virá das ruas


O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva montou ontem o seu quartel-general no segundo e terceiro andares do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo (...) "Não tenho esperanças de um resultado positivo nesse julgamento", afirmou, ainda no início do segundo voto. "Mas dois a um, três a um, contra ou a favor é tudo a mesma coisa, porque eu não quero nada menos do que ter a minha inocência reconhecida. E quero ainda mais. Quero que não apenas aceitem o fato de eu não ter cometido crime, mas um pedido de desculpas para mim, para a minha família, para a sociedade brasileira e também para a PF e para a MP, porque alguns de seus membros não poderiam ter mentido dessa forma para as suas próprias corporações."

(...) A contraofensiva política aos golpes proferidos pelo Judiciário deram nova vida ao Lula velho de guerra. (...) Lula recuperou o sorriso, pelo simples fato de que saiu da defensiva. Na luta, voltou ao comando de seu próprio destino, mesmo que isso estivesse longe de significar que iria alterar uma decisão da Justiça. (...) O ex-presidente passou a frequentar mais a sede do PT - antes, eram os dirigentes do PT que iam a ele no Instituto Lula. No Instituto, onde fica o seu escritório, voltou a receber cartas às centenas, todos os dias, de populares despejando nele votos de vitória. Junto, chegam terços, orações, juras de amor ao líder petista que chegou ao poder com votos da população pobre e foi consagrado na reeleição com muitos, muitos votos, muitos mais do que os que teve no primeiro pleito, da parcela mais vulnerável dos brasileiros. (...) Com o partido, com os movimentos sociais e com seus interlocutores diários a conversa é sobre mobilização política.

(...) A serenidade, todavia, mantida em foro privado, torna-se indignação pública quando Lula coloca o seu drama pessoal nos termos que deve ter, segundo ele: como um dado da realidade política do país. "Eu não esperava que o Brasil voltasse a ter um regime autoritário. Fiquei estupefato com o fato de montarem toda essa história para tentar afastar qualquer possibilidade de volta da esquerda ao poder. Por isso nunca acreditei que seria julgado imparcialmente. A justiça é parcial, tem determinação política." Vira ira quando comenta as denúncias contra os seus filhos: "Eles são covardes, mentirosos."

É por sua família, mas principalmente pela política, que quer convencer o país de sua inocência. "Não posso ficar chorando. Vou às ruas. Vou lutar pelo reconhecimento de minha inocência, mas não apenas isso. Quero um pedido de desculpas. O país não merece estar mergulhado numa crise em função da obsessão das instituições pelo poder." (...)

Nas pesquisas dadas ao conhecimento do partido, a convicção do eleitorado em sua inocência já é majoritária; e surgiu uma faixa considerável daqueles que consideram que, mesmo culpado, ele merece ter seus votos. O julgamento popular foi revertido nas ruas, pelo seu poder mobilizador, mesmo com pouquíssima cobertura da mídia. É quase como que levantasse sua popularidade com as próprias mãos.
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