Lula: o jornal nacional passou a ditar o ritmo da Justiça
(Reprodução/TV Globo)
Do ConJur - "Quando você der a toga, você vai ver quem é. Como você não pode dar a toga antes de indicar, pode ser surpreendido", disse o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em entrevista exclusiva à TV ConJur, quando questionado sobre suas indicações ao Supremo Tribunal Federal, à Procuradoria-Geral da República, entre outras instituições federais ligadas ao Direito.
"Indiquei as pessoas por currículo, eu não tinha nenhuma amizade. Recebi indicações, currículos, de grupos de advogados, grupos de parlamentares, e eu juntava todo mundo, Ministério da Justiça, Casa Civil, Advocacia-Geral da União e às vezes consultava o pessoal nos estados pra saber quem é a pessoa, o passado, e indicava. Eu tinha vontade de indicar uma pessoa negra, indiquei o Joaquim [Barbosa] e não me arrependo", disse o petista sobre a indicação do ministro, que acabou sendo o relator do "mensalão" no STF.
"O problema é que, a partir de um determinado momento, a Justiça parou de funcionar em função dos autos do processo e passou a funcionar em função da opinião pública levada adiante pela imprensa. Quem forçava a votar era a manchete do Jornal Nacional, a capa das revistas."
"Mas posso dizer que não me arrependo individualmente de ter indicado as pessoas porque indiquei todos pelo currículo. Obviamente, o currículo não mostra caráter, comportamento ideológico, nada. Tem pessoas que foram indicadas e depois deixaram de atender até as pessoas que tinham indicado e defendido."
Sobre algumas surpresas positivas na visão do ex-presidente, disse: "Se tem um companheiro que me deu uma lição muito grande foi o [ex-ministro do Supremo e da Justiça Nelson] Jobim. Ele nunca me pediu nada, foi presidente da Suprema Corte, indicado pelo Fernando Henrique, e teve um comportamento muito digno. Ele falava "presidente, o senhor errará menos se indicar pessoas que já tenham biografia construída antes de pegar o cargo". Se a pessoa vier pra construir a biografia no cargo, vai ser muito pior"."
"Hoje eu teria indicado gente diferente. Mas não posso dizer. Não se pode transformar a Suprema Corte num clube de amigos. As pessoas podem se queixar de mim do que quiserem, mas ninguém pode dizer que não fui republicano nas indicações", completou.
Nesse trecho da entrevista, Lula também comenta sobre a duração do mandato dos ministros do Supremo, que hoje é vitalício, e do comportamento do ex-PGR Rodrigo Janot, que esteve à frente da instituição durante a fase mais aguda da operação "lava jato".
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