Maduro afirma que armas de desertores estão no Brasil
Maduro em pronunciamento na televisão na noite de segunda-feira 23/XII (Reprodução: VTV/Telesur)
O presidente da Venezuela Nicolás Maduro anunciou na noite desta segunda-feira 23/XII que parte das armas roubadas do Exército Venezuelano após um motim na cidade de Luepa encontra-se no Brasil e exigiu que o governo de Jair Bolsonaro tome as devidas providências.
As informações são da agência russa Sputnik.
"As armas venezuelanas foram roubadas em um ataque terrorista, senhor Jair Bolsonaro. E essas armas, neste momento, temos informações que estão em território brasileiro. Exigimos que as autoridades brasileiras capturem os agressores que estão no território brasileiro e retornem as armas às Forças Armadas Nacionais Bolivarianas", disse Maduro em um pronunciamento transmitido no rádio e na televisão.
Neste domingo 22/XII um grupo de soldados da Guarda Nacional venezuelana se rebelou contra o governo de Nicolás Maduro na pequena cidade de Luena, no sudoeste do país. Após tomarem o quartel local, que abriga uma unidade de infantaria, os desertores fizeram reféns, roubaram cerca de 120 fuzis e atacaram dois postos policiais da cidade.
Houve uma troca de tiros entre os amotinados e militares leais a Maduro. Ao menos um soldado do governo legítimo morreu durante o tiroteio. O Exército Venezuelano conseguiu recuperar a maior parte das armas.
Segundo Nicolás Maduro, entretanto, ao menos nove rifles AK-103 e um lançador de granadas de longo alcance não foram recuperados - e podem estar, agora, no Brasil.
De acordo com autoridades venezuelanas, o grupo de militares rebeldes passou por diversos países da América do Sul antes de executar o ataque. Os soldados teriam passado quinze dias na cidade de Pacaraima, em Roraima, sob a proteção de Antonio Fernández, o "Toñito" - um cidadão venezuelano acusado de tráfico de drogas e ouro.
"O governo do Brasil tem que explicar por que um criminoso, traficante de ouro e assassino, que esteve por trás de ações contra o governo da Venezuela, sustentou os desertores e criminosos em Pacaraima durante quinze dias, lhes deu dinheiro e lhes prometeu uma quantidade de dinheiro depois que eles atacassem a base militar. O governo do Brasil não tem nada a ver com isso? Então, que prenda e nos entregue Toñito", disse o ministro venezuelano das Comunicações, Jorge Rodríguez.
Para o ministro Rodríguez, o ataque ao quartel de Luepa tinha como objetivo roubar armas, incluindo lança-foguetes, para forjar um ataque venezuelano contra um avião militar da Colômbia. "O objetivo era montar um 'falso positivo' para que o governo dos Estados Unidos pudesse, então, intervir militarmente na Venezuela", afirmou.
Em tempo: esse tipo de ação militar se chama "false flag" ou "operação de bandeira falsa - como o ataque forjado pelos alemães à cidade de Gleiwitz, em agosto de 1939, que serviu como justificativa para a invasão nazista da Polônia...
Em tempo2: nesta segunda-feira 23/XII o ministério das Relações Exteriores do Brasil negou qualquer envolvimento com o caso.
Gostou desse conteúdo? Saiba mais sobre a importância de fortalecer a luta pela liberdade de expressão e apoie o Conversa Afiada! Clique aqui e conheça! |
Leia também no Conversa Afiada:
- Ministro de Maduro acusa Brasil de envolvimento em ataque no sul da Venezuela
- Venezuela: grupo que atacou base militar se hospedou no Brasil
- Os impérios que fracassaram na Venezuela
- O Brasil não tem que se meter na Venezuela
- Venezuela instala mísseis na fronteira com o Brasil
- Bolsonarismo bate cabeça com a invasão da embaixada