Manaus: Estadão é covarde!
Juiz e Brito acusam!
publicado
03/01/2017
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Reprodução: Tijolaço
No blog Tijolaço, por Fernando Brito:
Juiz “acusado” pelo Estadão reage: covardes!
Ontem, sem mais cuidados, com base em cópias de uma escuta telefônica que algum policial federal passou a um reporter, o Estadão acusou o juiz Luis Carlos Valois, da Vara de Execuções Penais de Manaus, de ser ligado a facções criminosas.
Muito provavelmente por Valois ser um juiz “garantista”, que não toma a lei como um exercício de sadismo.
É apenas mais um momento do império da meganhagem que este país vive.
Não vi nenhum manifestação das associações de juízes, sempre tão falantes quando se trata de defender Sérgio Moro e os “auxílios-moradia”, confundindo crítica a comportamento com ataque ao Judiciário. Também não vi qualquer protesto contra a exploração de escutas telefônicas vazadas, sem contexto.
Valois, porém, reagiu. Em seu Facebook, publicou um desabafo, como antes tinha descrito toda a negociação e o horror daquela chacina.
Fez muito bem. Jornalismo não é máquina de moer reputações e investigação policial não é instrumento de fazer política de curriolas policiais.
Lei o texto de Valois:
Sobre a covardia do Estadão.
Ontem, depois de passar doze horas na rebelião mais sangrenta da história do Brasil, um repórter, dito correspondente desse jornal me liga.
Eu digo que estou cansado, sem dormir a noite toda, mas paro para atende-lo por vinte minutos.
Algumas horas depois sai a matéria: “Juiz chamado para negociar rebelião é suspeito de ligação com facção no Amazonas”.
O Estadão é grande, eu sou pequeno, um simples funcionário público do norte do país. Eles não publicaram nada do que falei, nem, primeiramente, o fato de que eu não era o único a negociar a rebelião. Desenterraram uma investigação contra mim da Polícia Federal em que esta escuta advogados falando o meu nome para presos, sem qualquer prova de conduta minha. Detalhe, todos os presos das escutas estão presos, nunca soltei ninguém. Mas insinuaram que isso tinha algo a ver com o fato de eu ter ido falar com os presos na rebelião, que sequer eram os mesmos da escuta.
Fui porque tinha reféns. Estamos no recesso, eu não estou no plantão, fui porque havia reféns, dez reféns, mas isso eles não falaram também. Fui chamado pelo próprio Secretario de Segurança do Amazonas que, não por coincidência, é um dos delegados da Polícia Federal mais respeitados do Estado. Ele, o delegado, veio me buscar em casa, me cedeu um colete a prova de balas, e fomos para a penitenciária. O secretário de administração penitenciária, egresso igualmente da PF também estava lá aguardando.
Tudo que fiz, negociei e ajudei a salvar dez funcionários do Estado, reféns dos presos, fiz sob orientação dos policiais. Tudo isso falei para o tal Estadão, mas foi indiferente para eles. Agora recebo ameaças de morte da suposta outra facção, por causa da matéria covardemente escrita, sem sequer citar o que falei. Covardes.
Estadão covarde, para quem não basta “bandido morto”, juiz morto também é indiferente.
Ontem, sem mais cuidados, com base em cópias de uma escuta telefônica que algum policial federal passou a um reporter, o Estadão acusou o juiz Luis Carlos Valois, da Vara de Execuções Penais de Manaus, de ser ligado a facções criminosas.
Muito provavelmente por Valois ser um juiz “garantista”, que não toma a lei como um exercício de sadismo.
É apenas mais um momento do império da meganhagem que este país vive.
Não vi nenhum manifestação das associações de juízes, sempre tão falantes quando se trata de defender Sérgio Moro e os “auxílios-moradia”, confundindo crítica a comportamento com ataque ao Judiciário. Também não vi qualquer protesto contra a exploração de escutas telefônicas vazadas, sem contexto.
Valois, porém, reagiu. Em seu Facebook, publicou um desabafo, como antes tinha descrito toda a negociação e o horror daquela chacina.
Fez muito bem. Jornalismo não é máquina de moer reputações e investigação policial não é instrumento de fazer política de curriolas policiais.
Lei o texto de Valois:
Sobre a covardia do Estadão.
Ontem, depois de passar doze horas na rebelião mais sangrenta da história do Brasil, um repórter, dito correspondente desse jornal me liga.
Eu digo que estou cansado, sem dormir a noite toda, mas paro para atende-lo por vinte minutos.
Algumas horas depois sai a matéria: “Juiz chamado para negociar rebelião é suspeito de ligação com facção no Amazonas”.
O Estadão é grande, eu sou pequeno, um simples funcionário público do norte do país. Eles não publicaram nada do que falei, nem, primeiramente, o fato de que eu não era o único a negociar a rebelião. Desenterraram uma investigação contra mim da Polícia Federal em que esta escuta advogados falando o meu nome para presos, sem qualquer prova de conduta minha. Detalhe, todos os presos das escutas estão presos, nunca soltei ninguém. Mas insinuaram que isso tinha algo a ver com o fato de eu ter ido falar com os presos na rebelião, que sequer eram os mesmos da escuta.
Fui porque tinha reféns. Estamos no recesso, eu não estou no plantão, fui porque havia reféns, dez reféns, mas isso eles não falaram também. Fui chamado pelo próprio Secretario de Segurança do Amazonas que, não por coincidência, é um dos delegados da Polícia Federal mais respeitados do Estado. Ele, o delegado, veio me buscar em casa, me cedeu um colete a prova de balas, e fomos para a penitenciária. O secretário de administração penitenciária, egresso igualmente da PF também estava lá aguardando.
Tudo que fiz, negociei e ajudei a salvar dez funcionários do Estado, reféns dos presos, fiz sob orientação dos policiais. Tudo isso falei para o tal Estadão, mas foi indiferente para eles. Agora recebo ameaças de morte da suposta outra facção, por causa da matéria covardemente escrita, sem sequer citar o que falei. Covardes.
Estadão covarde, para quem não basta “bandido morto”, juiz morto também é indiferente.