Ministério Público vai em socorro da delegada Marena
Uma das faixas que os alunos levaram à cerimônia de aniversário da UFSC. Essa também merece uma condução coercitiva, delegada? (Reprodução/YouTube/TV UFSC)
A delegada Marena, como se sabe, é arquiteta da condução coercitiva que delegados da Polícia chamada Federal (e sem chefe) movem contra o ansioso blogueiro.
A supra citada delegada deu inicio à sequência de arbitrariedades que culminou com o suicídio do Reitor Cancellier, da Universidade Federal de Santa Catarina.
Agora, como demonstrou o Conversa Afiada aqui e aqui ela pretende estabelecer novos critérios para o exercício da liberdade de expressão e de pensamento numa universidade pública!
A extravagante pretensão da delegada encontrou eco no Ministério Público (sic) Federal de Santa Catarina (como diz aquele amigo navegante, o MP é o DOI-CODI da Democracia):
Procuradoria denuncia professores da UFSC após evento com críticas à PF
O reitor da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), Ubaldo Balthazar, e o chefe de gabinete da reitoria, Aureo Mafra de Moraes, foram denunciados à Justiça pelo Ministério Público Federal de Santa Catarina sob a acusação de ofender a “honra funcional” da delegada Erika Mialik Marena.
No ano passado, a delegada chefiou a Operação Ouvidos Moucos, que prometia desvendar um esquema milionário de verbas da educação na universidade. Erika também esteve à frente da Lava Jato, em Curitiba, entre 2014 e 2016.
A Ouvidos Moucos foi deflagrada em 14 de setembro de 2017 com a prisão de seis professores e do então reitor da UFSC, Luiz Carlos Cancellier de Olivo. Em 2 outubro, Cancellier se jogou do sétimo andar de um shopping de Florianópolis, levando no bolso um bilhete que culpava a investigação por seu ato. Ele alegava inocência.
Agora, a denúncia da Procuradoria é baseada em um inquérito feito pelos policiais federais de Santa Catarina. Esses viram indícios de calúnia e difamação numa reportagem da TV UFSC, produzida por alunos, sobre o evento de aniversário de 57 anos da universidade, em dezembro.
Na ocasião, Cancellier foi homenageado com a inauguração de um retrato na sala dos reitores. O vídeo estava publicado no site da universidade. Aureo, que foi chefe de gabinete de Cancellier, aparece na gravação em duas entrevistas. A primeira, de seis segundos de duração, resume-se a uma frase incompleta por causa da edição. “[A] reação da sociedade a tudo aquilo que nos abalou neste ano”, diz, numa referência à morte do reitor. Os policiais federais viram aí um indício de crime porque, atrás dele, havia uma faixa com críticas aos responsáveis pela Ouvidos Moucos.
“Agentes públicos que praticaram abuso de poder contra a UFSC e que levou ao suicídio do reitor” dizia o cartaz que estampava fotos de Erika Marena, da juíza Janaína Cassol, que decretou a prisão de Cancellier, e do procurador da República André Bertuol, responsável pela operação no Ministério Público Federal. Também no vídeo aparecem uma faixa (“Não ao abuso de poder”) e pequenos cartazes onde se lê “Universidade rima com verdade e liberdade. Quem matou o reitor?”.
Ao falar de Cancellier, Aureo diz que uma placa em sua homenagem “é um tributo a uma pessoa que nos deixou de forma tão trágica, tão abrupta, e que tinha um compromisso gigantesco com esta instituição, colocando no lugar de honra que todos os reitores desta instituição têm guardado, que é a galeria dos reitores”.
No mesmo vídeo, o reitor, Ubaldo Balthazar, fala sobre o quadro em homenagem à memória de Cancellier. “Na verdade o descerramento da placa é um presente para a universidade de um reitor que marcou profundamente a história da universidade. A UFSC é uma antes de Cancellier e [outra] depois de Cancellier.”, diz Balthazar.
“Eu não esperava jamais ter sido o responsável por inaugurar a foto do professor Cancellier em virtude de tudo que aconteceu, a forma como isso se deu. Então eu penso que é um presente que nós estamos dando, não é uma coincidência, a placa foi descerrada no dia do aniversário como um presente para a universidade para que jamais esqueçamos o que aconteceu em 2017.”
Nem o reitor nem o chefe de gabinete da reitoria fazem menção à delegada Erika Mialik Marena nas entrevistas.
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