Nau na tempestade não tem mastro
Será a frota aniquilada pela negra tempestade?
A nau mantém o bojo intacto, mas as ondas são enormes e os escolhos traiçoeiros.
Será a frota aniquilada pela negra tempestade ?
Haverá uma divindade que, ocultamente, ponha a mão forte no timão ?
Se o sol onividente descobrir o dia é possível que a esperança volte.
Essa é uma tosca adaptação de palavras do Arauto, em "Agamenon" , de Ésquilo, "a obra-prima das obras-primas", segundo Goethe.
A tradução magistral é de Mario da Gama Kury para a Jorge Zahar Editor, 1990.
As ondas enormes e os traiçoeiros escolhos são de variada natureza.
A pusilanimidade do Ministério Público, a parcialidade da Justiça, o vice decorativo e patético, a desmoralização do Congresso por um bando de canalhas.
Um desqualificado que foge de mulher valorosa que lhe joga vinho na cara.
E tem uma política econômica que se prepara para enfrentar a Alemanha no Mineirão.
Isso tudo não é menos relevante que a falta de alguém que ponha a mão forte no timão.
E enfrente a tempestade com o destemor de Agamenon, a fúria louca de Aquiles e a argucia de Odisseu.
Não é tarefa pouca.
Seria indispensável convocar Homero.
Mas, aqui pra nos amigo navegante, não precisa ir aos gregos: bastava ter um Ministro da Justiça.
Alguém que segurasse o leme.
E açoitasse os lobos famintos.
Em tempo: Agamenon foi assassinado pela mulher adúltera, quando se preparava para celebrar a vitória sobre Tróia.
Em tempo2: O C Af agradece ao navegante Pedro Pessoa pela observação: Agamenon é de Ésquilo e não de Eurípedes.
Paulo Henrique Amorim