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Nau na tempestade não tem mastro

Não é preciso destruir Troia
publicado 10/12/2015
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Será a frota aniquilada pela negra tempestade?

A nau mantém o bojo intacto, mas as ondas são enormes e os escolhos traiçoeiros.

Será a frota aniquilada pela negra tempestade ?

Haverá uma divindade que, ocultamente, ponha a mão forte no timão ?

Se o sol onividente descobrir o dia é possível que a esperança volte.

Essa é uma tosca adaptação de palavras do Arauto, em "Agamenon" , de Ésquilo, "a obra-prima das obras-primas", segundo Goethe.

A tradução magistral é de Mario da Gama Kury para a Jorge Zahar Editor, 1990.

As ondas enormes e os traiçoeiros escolhos são de variada natureza.

A pusilanimidade do Ministério Público, a parcialidade da Justiça, o vice decorativo  e patético, a desmoralização do Congresso por um bando de canalhas.

Um desqualificado que foge de mulher valorosa que lhe joga vinho na cara.

E tem uma política econômica que se prepara para enfrentar a Alemanha no Mineirão.

Isso tudo não é menos relevante que a falta de alguém que ponha a mão forte no timão.

E enfrente a tempestade com o destemor de Agamenon, a fúria louca de Aquiles e a argucia de Odisseu.

Não é tarefa pouca.

Seria indispensável convocar Homero.

Mas, aqui pra nos amigo navegante, não precisa ir aos gregos: bastava ter um Ministro da Justiça.

Alguém que segurasse o leme.

E açoitasse os lobos famintos.

Em tempo: Agamenon foi assassinado pela mulher adúltera, quando se preparava para celebrar a vitória sobre Tróia.

Em tempo2: O C Af agradece ao navegante Pedro Pessoa pela observação: Agamenon é de Ésquilo e não de Eurípedes.

Paulo Henrique Amorim