Via Brasil de Fato - O movimento começou na terça-feira (17) em algumas cidades brasileiras e tomou corpo novamente na quarta (18), quando mobilizações em defesa da educação estavam previstas nas ruas, mas foram desmarcadas por conta da pandemia do novo coronavírus, que já tem transmissão comunitária em todos os estados brasileiros.
Desde então, diariamente, por volta das 20h, podem-se ouvir em diversas cidades panelaços, canções de protesto e gritos de ordem contra o presidente brasileiro e em defesa dos profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS).
O protesto deste sábado (21) está sendo convocado por meio redes sociais pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, além de outros movimentos e organizações. O panelaço deve iniciar por volta das 20h e as palavras de ordem são #acaboubolsonaro e a convocatória defende o SUS e a criação de um plano emergencial de assistência popular.
Jair Bolsonaro (sem partido) completa 65 anos neste sábado e prometeu dar uma "festinha tradicional", a despeito das recomendações do Ministério da Saúde do seu governo sobre evitar aglomerações e reduzir o contato social para fazer frente à crise sanitária. O próprio presidente pode estar infectado e admitiu nesta sexta-feira que fará terceiro teste de coronavírus, após afirmar ter tido resultados negativos em dois exames, sem nunca mostrar os laudos.
No domingo (15) foi a um protesto contra o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal sem máscara, cumprimentou manifestantes com apertos de mão e tirou fotos. A manifestação ocorreu dias após o retorno de Bolsonaro e de sua comitiva dos Estados Unidos. Das pessoas que tiveram contato com ele durante a viagem, 21 estão com coronavírus.
Até o momento, o panelaço mais marcante contra a postura do presidente ocorreu na terça-feira (18).
Em São Paulo (SP) capital alguns bairros, como Barra Funda, Higienópolis, Consolação, Bela Vista e Santa Cecília, tiveram manifestações por mais de meia hora. Pelo menos dez bairros da cidade registraram protestos e, em alguns deles, os manifestantes tocaram instrumentos e fizeram projeções em prédios. Em Santa Cecília, uma foto do presidente usando máscara de proteção de maneira equivocada foi projetada.
Bairros de periferia da Zona Sul e da Zona Leste de São Paulo também aderiram, entre eles a comunidade de Heliópolis, maior da cidade. Em Brasília, Ceilândia, Samambaia, regiões que foram criadas a partir de assentamentos e moradias populares, registraram muitas manifestações. No Rio de Janeiro (RJ) as favelas da Rocinha e do Vidigal não só bateram panelas, registraram também vizinhos tocando músicas de protesto.
Em Brasília (DF), regiões de classe média também registraram protesto, entre elas está Águas Claras, reduto bolsonarista em que o presidente teve votação expressiva nas eleições. Na capital paranaense, Curitiba (PR), onde mais de 70% da população votou em Bolsonaro, a região central também foi tomada por panelaços e gritos.
Além disso, em outras cidades também ocorreram protestos, como Goiânia (GO), Rio de Janeiro (RJ), Porto Alegre (RS), Belém (PA), Fortaleza (CE), Recife (PE), Salvador (BA), Aracaju (SE), Florianópolis (SC), Vitória da Conquista (BA), Taboão da Serra (SP), Vitória (ES), Juiz de Fora (MG), entre outras.