Tem uma revista de banqueiros, para banqueiros e por banqueiros paulistas que se chama “Piauí”.
(Assim mesmo, “Piauí”, de forma pejorativa, como se a “Economist” se chamasse “Eritreia”.)
O Fernando Henrique se sente tão à vontade nela que deu aí uma entrevista de sinceridade intolerável: “o Sete de Setembro” é uma palhaçada!”.
Agora, a “Eritreia” publicou trechos devidamente selecionados de gravações que o Príncipe da Privataria fazia consigo mesmo, enquanto exercia aquele Governo (sic) que quebrou o Brasil três vezes.
A certa altura, FHC mantém com o Padim Pade Cerra um diálogo de estadistas: como se Winston Churchill encontrasse Pericles de Atenas, no adro da Notre-Dame de Paris.
Diz FHC na própria voz:
José Serra
"Tive uma longa conversa com Serra. Aí sim, fomos mais a fundo a respeito da nossa relação (sic). Ele voltou a dizer que eu acho que foi contra o Plano Real, que não foi contra o Real, que ele não acreditava [na possibilidade política de o pôr em prática], eu sei (sic) que é isso. Voltei a explicar a ele o porquê de o Malan ser o ministro da Fazenda, Serra concorda comigo que é porque dá a sensação (sic) de estabilização. Disse-lhe o que esperava de cada um e que não adianta tentar resolver questões que não têm solução, não posso mexer agora com o Banco Central. [...]." (em 9 de dezembro de 1995)
Tão falso quanto o misticismo do Cerra.
Sobre inconfidências do Fernando Henrique, o ansioso blogueiro prefere as que publicou no
“O Quarto Poder”.
Assim:
1) FHC e Cerra não são amigos, não se frequentam, suas famílias não se dão. Não trocam intimidades. Na verdade, mais se odeiam do que se respeitam. A relação entre eles é política e foi celebrada de forma indelével pelo Serjão Motta.
(O Delfim Netto – que o FHC odeia – diz que o PSDB acabou quando o Serjão morreu e levou com ele o login do cofre. O Delfim nega a autoria da frase.)
E o papel do Serjão, na ruptura do PSDB de São Paulo com o PMDB do Quércia, foi montar um caixa de financiamento próprio.
Serjão foi quem comprou a reeleição para o Fernando Henrique.
Em dinheiro vivo, em saco de super-mercado,
como demonstrou o Palmério Dória.
2) Cerra foi, sim, contra o Plano Real.
Desde o nascimento e durante todo o Governo do FHC.
Numa reunião que o Mario Covas presidiu, para sacramentar o apoio dos tucanos ao Plano Real, foi preciso o Covas insistir duas vezes para o Cerra confessar, a fórceps, na frente dos companheiros de partido, que ia apoiar o Plano.
E só depois de o Covas dizer: Cerra fala em voz alta, para depois você não boicotar o Plano e dizer que foi contra!
3) Durante o Governo do FHC, Cerra criou a expressão “populismo cambial”, para detonar o Malan – os dois se odeiam.
Cerra espalhava a acusação com a ajuda dos colonistas que o tratam de Cerra.
Malan respondia, como os americanos: do Cerra, o que é novo não é bom, o que é bom não é novo.
O
Conversa Afiada, como se sabe, sustenta que, em sessenta anos de vida publica, o Cerra nunca teve uma ideia original.
Cerra passou o Governo todo tramando para tomar o lugar do Malan.
Até que desistiu, foi para a Saúde, como queria o Serjão – para promover sua candidatura à Presidência – e, na Saúde, dedicou-se à compra de ambulâncias.
4) Malan foi Ministro da Fazenda porque tinha trabalhado no Banco Mundial e era da absoluta confiança do FMI e dos bancos credores.
5) FHC disse duas vezes ao ansioso blogueiro que não trabalharia com Cerra.
Quando Itamar o nomeou Ministro da Fazenda - “se nomear o Cerra para alguma coisa ele vai querer mandar em mim”.
E, depois de eleito, antes de tomar posse, numa suíte do Hotel Fontainebleau, em Miami.
Não nomearia Cerra ministro, em hipótese alguma, pelo mesmo motivo.
Depois, quem nomeou Cerra Ministro do Planeamento de FHC foi o Serjão.
6) Já em 1994, FHC disse ao ansioso blogueiro: “Cerra perdeu o rumo”.
Quer a prova, amigo navegante, de que o Cerra e o Fernando Henrique se detestam?
O dos chapéus, a única pessoa a quem o Cerra dá ouvidos – de madrugada, os dois trocam receita de veneno –, o dos chapéus também detesta o Príncipe!
Cerra é a cruz que o Serjão depositou nas costas do FHC.
Paulo Henrique Amorim