O presidente do INSS acha que os cidadãos são burros?
Por Fernando Brito, do Tijolaço - Leonardo Rolim, recém-nomeado presidente do INSS, acha que pode ofender a inteligência alheia.
Diz, em O Globo, que o INSS não precisa de mais funcionários. Se não precisava, nem seria preciso o alarde todo que se criou com a história de convocar sete mil militares da reserva para socorrê-lo.
Se não são necessários, seria apenas uma “boquinha”?
A “explicação” de que a possibilidade de requerimento digital de benefícios fez surgir, pela facilidade, “uma fila que não existia” é, simplesmente, uma tolice.
A clientela do INSS é, 90%, composta por pessoas que ganham dois salários-mínimos ou menos. Não tem sequer a habilidade de fazer tudo pelo computador, ou celular, pois há a necessidade de obter e escanear documentos para os “furos” que o CNIS – o Cadastro Nacional de Informações Sociais – tem nas contribuições, muitas relativas aos anos 70.
Sim, porque para comprovar 35 anos de contribuições muitos precisam de uma vida laboral acima de 40 anos de atividade.
O aumento do número de requerimentos, com a iminência da reforma previdenciária, que torna mais difícil a obtenção de aposentadoria é algo que não precisaria de nenhum “adivinhão” para se prever.
Tanto é assim que o número de pedidos em novembro (a sanção foi em meados do mês) já caiu, segundo os últimos dados oficiais disponíveis.
A tal explosão digital que ele alega ter havido desde julho é desmentida pela estabilidade no número de requerimentos de benefícios por incapacidade (aposentadoria por invalidez e auxílio doença) se mantiveram estáveis no período.
O que o sr. Rolim quer arranjar, declarando que não é necessário repor ao menos os 6 mil servidores que se aposentaram no INSS em 2019, é uma greve dos servidores que sirva para tirar dos ombros do governo o que é sua responsabilidade exclusiva: o atraso monstruoso na concessão de benefícios.
Aí, se puderem culpar os servidores, – a quem acham “vagabundos” – vão se lembrar que atrasar meses um auxílio-doença e uma aposentadoria de gente humilde é cruel, muito cruel.
Embora seja muito bom para fazer caixa.
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