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OEA condena o Temer!

Ataques aos direitos humanos envergonham o Brasil
publicado 10/12/2016
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O Governo Golpista foi denunciado à Comissão Interamericana de Direitos Humanos.

O motivo? A PEC da Morte e outras atrocidades.

Nos primeiros dias de dezembro, aconteceu no Panamá o 159º período de reuniões da CIDH.

Diversas organizações brasileiras denunciaram o Governo Temer por uma sistemática violação dos direitos humanos, por meio não só da PEC 55, mas, também, pela extinção dos Ministérios das Mulheres, da Igualdade Racial, da Juventude e dos Direitos Humanos; pela suspensão de repasses a projetos relacionados a direitos humanos; pela exoneração de Ricardo Mello, diretor-presidente da EBC; pelo desfinanciamento do SUS; e pelo Golpe autoritário sobre o Ensino Médio brasileiro.

O Conversa Afiada reproduz entrevista concedida por Patrick Mariano, integrante da Rede Nacional de Advogados e Advogadas Populares-RENAP, ao site Alerta Social. A RENAP compõe a missão que foi ao Panamá:

Alerta Social: Por que denunciar o Brasil na OEA por violação de direitos humanos?

Patrick Mariano: Porque as instâncias no Brasil que poderiam atuar para fazer cessar essas violações ou são coniventes com elas ou a sua própria causa.

Alerta Social: O que se espera com essa denúncia?

Patrick Mariano: Que a CIDH (Comissão Interamericana de Direitos Humanos) saiba o que ocorre no Brasil em relação ao ataque neoliberal aos direitos sociais e as garantias individuais praticados pelo governo golpista de Michel Temer; e como as liberdades individuais e o exercício da cidadania estão sendo sufocados pela repressão aos movimentos sociais. Além do mais, que tome providências para impedir o desmonte criminoso que tentam impor aos cidadãos brasileiros, principalmente aos mais pobres.

Alerta Social: Caso o Brasil seja condenado, quais serão as consequências?

Patrick Mariano: Ainda é cedo para saber, mas se espera que a Corte tome medidas sérias e efetivas para impedir que seja desmontado o mínimo de proteção social conquistada com a Constituição Federal de 1988.

Alerta Social: Por que é importante as organizações brasileiras se mobilizarem diante das medidas recessivas que o governo e o parlamento tomam? O que elas podem fazer?

Patrick Mariano: É um dever de cidadania de todos os brasileiros e brasileiras se insurgirem contra o que está ocorrendo. As consequências sociais serão nefastas, no caso de aprovação dessas medidas. Penso que as tarefas principais são mobilização e denúncia. Infelizmente, grande parcela da população brasileira ainda não se deu conta das ações que Michel Temer está fazendo contra o Brasil e daqueles meliantes que ocupam postos na Esplanada dos Ministérios.

Alerta Social: Quando se esgotam as possibilidades de diálogo entre a sociedade civil, entidades representativas e sindicais e o governo, o que é possível fazer?

Patrick Mariano: A democracia é uma construção perene e necessita do conflito para ser efetiva. Penso que não existe outro caminho que não a mobilização e a denúncia.

Na quarta-feira, 7, a denúncia foi feita formalmente em audiência. O site oficial da OEA divulgou os detalhes:

En la audiencia “Derechos humanos y reformas legislativas en Brasil”, las organizaciones participantes informaron que la propuesta de enmienda a la Constitución (PEC 55/2016), que establece el congelamiento del gasto público en los próximos 20 años, de ser aprobada, generaría una gran crisis en el sistema público de educación, salud y seguridad social, afectando de manera desproporcional a los sectores más vulnerables. Indicaron además que este grave retroceso en los derechos económicos, sociales y culturales está vinculado a un escenario de violación de derechos civiles y políticos, como los derechos a la libertad de expresión y asociación. Señalaron al respecto que las manifestaciones y ocupaciones de locales en protesta por la PEC fueron reprimidas en forma violenta y desproporcional por la fuerza pública. El Estado por su parte rechazó los alegatos de violaciones de derechos humanos e indicó que la propuesta de enmienda, la cual abarca un tecnicismo muy grande ligado a cuestiones fiscales, refleja la extrema politización del debate en torno a cualquier política pública. Asimismo, rechazó que la enmienda sea violatoria de la Constitución y de compromisos internacionales e indicó que el Magistrado Luis Roberto Barroso del Supremo Tribunal Federal, conocido por sus posiciones progresistas, en la sentencia que rechazó un “mandado de segurança” preliminar para la PEC 55/2016 señaló que el Congreso es la instancia adecuada y legítima para que se discutan enmiendas de la Constitución. La CIDH manifiesta su preocupación respecto al impacto que la medida planteada por la PEC podría tener en el goce de los derechos económicos, sociales y culturales, y recuerda al Estado su deber en materia de no regresividad de dichos derechos.

Quem comandou a sessão é James Cavallaro, presidente da Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Ele se espantou com a (falta de) lógica daqueles que defendem a PEC 55: “Nesse sentido, o princípio básico dos direitos econômicos, sociais e culturais é o de não retrocesso e de alocação progressiva de recursos. Como é que isso [a PEC 55] não representa uma violação dos princípios de não retrocesso e alocação progressiva de recursos?”

Estava presente, também, a jamaicana Margarette May Macaulay, segunda vice-Presidente. Ela, assim como Cavallaro, mostrou-se incrédula: “Como pode um Estado congelar o gasto com educação, saúde e serviços sociais uma vez que, todos os anos, a demanda aumenta?”

Francisco José Eguiguren Praeli, primeiro vice-Presidente, demonstrou grande preocupação com os efeitos a longo prazo da PEC: “Seu impacto, plasmado assim, supõe um risco para a satisfação dos direitos e das necessidades sociais de uma população que não podem ser detidos por uma lei”.

Você pode assistir à audiência abaixo:

Em tempo: Clique aqui para ler o documento entregue pela missão à CIDH.

Em tempo2: não deixe de ler, no CAf, sobre como a ONU condenou a PEC 55