OMS: febre amarela faz de SP "área de risco"!
Chamem o Dr. Oswaldo! (Reprodução: Revista Careta, outubro de 1908)
Desde 2017, o estado de São Paulo passa por uma epidemia de febre amarela - doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti e que, como mostrou a TV Afiada, o sanitarista Oswaldo Cruz trabalhou para erradicar em 1904.
(São Paulo, depois de 23 anos de governos tucanos, regrediu 114 anos na área de saúde pública. Um colosso!)
Na capital paulista, os estoques das vacinas contra a febre amarela em clínicas privadas - mesmo em hospitais particulares de alto nível, como o Albert Einstein - já acabaram. Nos postos, moradores fazem fila desde a madrugada.
Fila para vacinação na UBS Jardim Peri, zona norte de São Paulo (Créditos: Newton Menezes/Estadão Conteúdo)
Até agora, o governo do estado confirmou 21 mortes. Os números oficiais são da última sexta-feira, dia 12/I.
A doença se espalha, agora, também para outros estados.
No Rio de Janeiro, já foram quatro casos de febre amarela desde o início do ano. Dois desses causaram mortes na cidade de Valença, no centro-sul do estado.
Em Minas Gerais são 11 mortes confirmadas. A Bahia teve no domingo 14/I a primeira morte por febre amarela desde 2000. A vítima era um morador de São Paulo.
Cariocas formam fila em posto de saúde no bairro de Botafogo, no Rio (Créditos: Alessandro Buzas/Esadão Conteúdo)
A culpa da epidemia não é dos macacos que habitam as matas próximas de áreas urbanas, como o Horto Florestal de São Paulo ou, no Rio de Janeiro, a Floresta da Tijuca.
Um estudo da estudo da Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getúlio Vargas (DAPP/FGV) aponta a ligação entre o Golpe dos canalhas, canalhas e canalhas, o corte de recursos para políticas públicas e o crescimento da epidemia.
Entre dezembro de 2016 e agosto de 2017, segundo dados do próprio Ministério da Saúde, o país teve 777 casos confirmados de febre amarela.
E 261 pessoas morreram em decorrência da doença.
Mesmo assim, o governo (sic) Temer declarou, em setembro, o fim do surto de febre amarela.
Os recursos federais para vigilância epidemiológica, no primeiro trimestre de 2017, foram de R$ 436,2 milhões, contra R$ 530,88 milhões no mesmo período de 2016.
O valor também foi repassado com atraso. Em janeiro, mês crucial para conter o surto, o gasto com vigilância epidemiológica foi de apenas R$ 3 milhões. Em 2016 foi de R$ 74 milhões e, em 2015, R$ 181 milhões.
É uma queda de mais de 98% em dois anos!
O relatório da Fundação Getúlio Vargas está disponível no endereço dapp.fgv.br/wp-content/uploads/2017/10/febre-amarela_fgv_dapp003.pdf.
Se depender da competência do governo do MT e do ministro Ricardo Barros (aquele que tem o sonho de desmontar o SUS), talvez seja melhor chamar logo o Dr. Oswaldo Cruz.
Antes que o Brasil tenha um surto de varíola!
Em tempo: segundo o G1, a Organização Mundial da Saúde considera, a partir da terça-feira 16/I, todo o estado de São Paulo como "área de risco" por causa da epidemia de febre amarela.