ONG expõe os podres da Intervenção Tabajara
De Daniela Amorim e Renata Batista, no Estadão:
Durante os cinco meses de intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro, dez crianças foram baleadas na região metropolitana da capital. Duas delas morreram. Os dados são de um balanço divulgado pela organização não governamental Fogo Cruzado, que levanta e disponibiliza num aplicativo informações coletadas por usuários, imprensa e polícias.
Nas estatísticas da violência está Benjamin, de apenas um ano de vida, morto em seu carrinho de bebê, atingido durante um tiroteio em 16 de março, na favela Nova Brasília, no Complexo do Alemão, zona norte do Rio. Três semanas antes, o menino Marlon, de 10 anos, também perdeu a vida durante um tiroteio no Morro do Cantagalo, na zona sul da capital.
O número de tiroteios e disparos na região metropolitana saltaram 37% durante a intervenção federal, em relação aos cinco meses anteriores. De acordo com a organização, foram registrados 4.005 tiroteios e disparos entre 16 de fevereiro e 15 de julho, contra 2.924 entre 16 de setembro de 2017 e 15 de fevereiro deste ano. Desse total, 690 episódios (17%) contaram com a participação de agentes de segurança, ante os 316 (11% do total) verificados nos cinco meses anteriores.
O Observatório da Intervenção contabiliza que foram realizadas 280 operações monitoradas pelo Comando Conjunto da intervenção, que mobilizaram 105 mil agentes, nas quais foram apreendidas 260 armas de fogo, uma média de 0,9 arma por operação. Cada operação contou, em média, com 375 agentes envolvidos, embora algumas tenham mobilizado milhares de militares e policiais.
A menina Gleciana, de 7 anos, foi a primeira criança vítima de tiro desde que foi assinado o decreto da intervenção, de acordo com os dados do Fogo Cruzado. Ela foi atingida durante um tiroteio no Imbariê, bairro de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, em 21 de fevereiro. A última foi Caíque, de apenas seis meses de vida, ferido por uma bala pedida em uma escola no Cosme Velho, zona sul da cidade. Também foram atingidos por tiros Isaque, de dois anos; Maria Gabriela, de 11 anos; Sophia, de 8 anos; e outras três crianças que não tiveram a identidade revelada pela organização no levantamento.
Ao todo, 44 pessoas foram vítimas de bala perdida na região metropolitana do Rio em cinco meses de intervenção federal. Nove delas morreram.
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Em tempo: sobre a Intervenção Tabajara - ou Intervenssão - não deixe de consultar o trepidante ABC do C Af