Operação Condor dá prisão perpétua (na Itália)

O amigo navegante acompanha o destemido trabalho de Luiz Cláudio Cunha sobre as criminosas atividades da Operação Condor no Brasil.
Viu também que Wagner William mostrou que a primeira atividade criminosa da dita Operação foi obra de Ernesto Geisel (assista à entrevista de William sobre D. Maria Thereza Goulart à TV Afiada).
O amigo navegante já ouviu falar da fluvial obra do historialista Gaspari, de múltiplos chapéus que dedica ao Geisel o apodo “sacerdote”.
Gaspari ainda não pediu desculpas ao incauto leitor, mesmo depois de Matias Spektor demonstrar que Geisel escolhia quem mandava Figueiredo matar.
Enquanto isso, na Itália...
Justiça italiana condena à prisão perpétua repressores envolvidos na Operação Condor
A Justiça italiana condenou à prisão perpétua, nesta segunda-feira (8), 24 repressores sul-americanos processados pelo desaparecimento e morte de 23 opositores de origem italiana no âmbito da Operação Condor, informaram fontes judiciais.
Os juízes do Tribunal de Apelação em Roma consideraram soldados e policiais de Bolívia, Chile, Peru e Uruguai responsáveis pela operação militar alinhada entre ditaduras sul-americanas nos anos 1970 e 1980 para sequestrar e executar dissidentes.
Com sede operacional em Buenos Aires, a Operação Condor servia para a troca de informações de inteligência e perseguição de inimigos. O plano era formado por oficiais de Argentina, Chile, Brasil, Bolívia, Peru, Paraguai e Uruguai, países que compartilhavam os custos da operação.
As condenações anunciadas nesta segunda-feira foram feitas à revelia, ou seja, quando o condenado não apresenta defesa.
A exceção foi o ítalo-uruguaio Jorge Tróccoli, ex-capitão de navio e portador de passaporte italiano, que participou da primeira audiência do julgamento realizado em fevereiro de 2015 e único que reside livremente na Itália.
"Exijo que a Itália prenda Tróccoli. Era um assassino em série, executava pessoas. Deve ser preso. Esperamos 41 anos para obter justiça, nunca é tarde", afirmou Néstor Gómez, irmão de Celica, desaparecida em 1978 e que trabalhava na agência estatal de notícias argentina Telam.
A lista de condenados ainda inclui o ex-ministro do Interior da Bolívia, Luis Arce Gomez, o ex-presidente do Peru, Francisco Morales Bermúdez, e o ex-ministro das Relações Exteriores do Uruguai, Juan Carlos Blanco. Todos foram condenados por homicídio doloso com agravantes.
A condenação empolgou o grupo de parentes e autoridades da América Latina que assistiram à leitura da sentença.
"É uma sentença importante e estimulante para o Uruguai e para as vítimas", afirmou Miguel Toma, secretário da Presidência do Uruguai, que viajou à Itália para a ocasião.
A sentença foi proferida ao final de quatro anos e numerosas audiências, durante as quais surgiram depoimentos, especialistas, parentes e companheiros de prisão das vítimas.
As investigações sobre a estratégia aplicada pelos regimes militares do Cone Sul foram iniciadas há mais de 15 anos, como resultado das queixas apresentadas na Itália por parentes de italianos mortos ou desaparecidos, entre eles a italiana Aurora Melloni, viúva de Alvaro Daniel Banfi, metralhado junto a outros militantes da esquerda em outubro de 1974, perto de Buenos Aires, na Argentina.
Devido a uma série de impedimentos burocráticos, a justiça decidiu julgar separadamente 50 argentinos, bem como vários paraguaios e brasileiros pelos mesmos crimes.
Leia também no Conversa Afiada: