Os estaleiros só afundam
O Conversa Afiada reproduz trechos de reportagem de Carlos Drummond publicada na edição desta semana de Carta Capital:
Os estaleiros só afundam
A Petrobras aumenta as encomendas no exterior, as demissões crescem e o setor corre risco de extinção
Em um ano e oito meses, o número de trabalhadores ativos nos estaleiros brasileiros diminiu 36,5%, de 71,5 mil para 45,4 mil, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). É quase a metade dos 82,5 mil empregados no auge do setor, em 2014.
Além da queda do preço internacional do petróleo e da recessão sem fronteiras, causas locais sobressaem no corte de 26 mil postos de trabalho entre dezembro de 2014 e o mês passado. Quatro entre dez demitidos trabalhavam em estaleiros atingidos pela Lava Jato e três ficaram desempregados em consequência do desinvestimento da Petrobras. O restante das dispensas deve-se a problemas comerciais entre contratante e contratado. As estimativas são do Sindicato dos Metalúrgicos de Niterói e Itaboraí, no Rio de Janeiro, estado com o maior parque industrial naval e o mais atingido pela crise.
"O problema é que o juiz Sergio Moro sentencia as empresas. Se tem ladrão, corrupto ou corruptor, tem que punir. Agora, não dá para ele condená-las. Quando determina que não podem receber contratos ou dinheiro da Petrobras e de governos por implicação na Lava Jato, imediamente provoca desemprego. Se impede a contratada de receber para pagar seus compromissos, como ela poderia continuar com os trabalhadores?, questiona Edson Carlos Rocha, presidente do sindicato. Ao manter algumas das principais fornecedoras sem faturar há mais de um ano, diz, o juiz "aparenta envolvimento num grande esquema para levar ao exterior todas as obras da Petrobras que podem ser feitas no Brasil".
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