Parente criou a Gerência do Desmonte
“Ela deve ter ido vender alguma coisa“. A frase, dita em tom jocoso pelo presidente da Petrobras, Pedro Parente, no último dia 21 de dezembro, ao não localizar Anelise Quintao Lara, gerente executiva da área de Aquisição e Desinvestimento (A&D) da empresa, durante a sua apresentação do Plano de Negócios e Gestão 2018-2022, para ele pode ter significado apenas uma piada. Mas, para grande parte da plateia – gerentes que o assistiam ao vivo e os empregados via web – foi mais um sinal vermelho sobre as metas que o governo Temer traça para a estatal.
“Esta anedota sugere, de forma inequívoca, que a gerência de Aquisições e Desinvestimentos deveria perder o “A” e ficar só com o “D”, que na verdade soa como desmonte”, registra o Boletim do Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro – Sindipetro-RJ, distribuído no último dia 26, do qual retiramos a ilustração ao lado.
Esta política de “desinvestimento” (ou de “desmonte”, como diz o Sindipetro-RJ), já apresenta resultados alarmantes, como demonstrou um estudo da Associação dos Engenheiros da Petrobras – AEPET. Em abril passado ela vendeu 90% das ações da Nova Transportadora do Sudeste, com sua rede de gasodutos, arrecadando R$ 6,279 bilhões. Já no segundo trimestre deste ano, conforme seus relatórios indicam, pagou R$ 1,01o bilhão como aluguel pela utilização dos gasodutos de terceiros.
“Ou seja, um valor de aproximadamente 1/6 (um sexto) do efetivamente recebido pela venda da NTS foi gasto com o aluguel dos próprios gasodutos em apenas um trimestre. Isso significa que, mesmo não levando em consideração nenhuma taxa de desconto ou correção monetária, todo o valor recebido pela venda da NTS terá sido pago em alugueis em apenas 18 meses“, diz o estudo da AEPET – NTS: Crônica de um prejuízo anunciado.
A partir da “piada” de Parente, o Sindipetro-RJ foi atrás da estrutura montada na Gerência de Aquisição e Desinvestimento (A&D). Ou a “Gerência do Desmonte”, como preferiu definir.
Descobriu que se trata, como narra no artigo Gerência Executiva da Petrobrás foi criada apenas para vender ativos à moda Temer e Parente, de uma estrutura “criada quase totalmente com indicações bem pagas para assinar e avalizar todo tipo de venda sem considerar o interesse da companhia, nem do país, somente daqueles que os valorizam com as gratificações gerenciais“.
Uma estrutura que, no fundo, tem mais cacique do que índio. Com 60 empregados, a Gerência possui 45 cargos comissionados e apenas 15 de profissionais e técnicos. Destes, 10 são empregados concursados e cinco contratados, como mostra o quadro divulgado pelo Sindipetro-RJ. No boletim, a diretoria expõe:
É de se estranhar tamanha desproporcionalidade entre o número de cargos de função gerencial para o número de profissionais (empregados e contratados) sem função. Tais métricas divergem completamente de outras gerências da empresa que apresentam um número de funções gerenciais compatível com o número de empregados“.
Leia detalhes em: http://marceloauler.com.br/ad-a-gerencia-do-desmonte-da-petrobras/