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Pesquisador da UERJ: Bolsonaro joga a FEB no lixo!

Entrega de base aos EUA é subordinação vergonhosa!
publicado 08/01/2019
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Presença de bases americanas em solo brasileiro é ataque à memória dos veteranos da Segunda Guerra, afirma pesquisador (Créditos: Flickr/Fernando Dall'Acqua)

O Conversa Afiada reproduz artigo de João Claudio Platenik Pitillo, pesquisador do Núcleo de Estudos das Américas da UERJ e especialista em Segunda Guerra Mundial:

Governo Bolsonaro quer trair a memória dos Pracinhas


Com o advento da Segunda Guerra Mundial, o Brasil passou a ser cobiçado pelos dois blocos, tanto o Eixo quanto os Aliados perceberam que o tamanho e a localização geográfica do país eram de suma importância para o desenrolar da Guerra. Sendo o ponto do continente Americano mais próximo da Europa e da África e possuidor de uma infinidade de recursos naturais, o Brasil que se estende para quase todo o Atlântico Sul, se relacionou com os dois blocos de 1939 a 1941, tirando proveitos importantes para o projeto de desenvolvimento autônomo de Getúlio Vargas, graças a sua neutralidade.

Com o ataque japonês à Pearl Harbor, os estadunidenses entraram na Guerra ao lado da Inglaterra contra o Eixo. A solidariedade e não a submissão levou o Brasil a congelar suas relações com os países do Eixo em virtude do ataque aos Estados Unidos. Nesse momento de guerra mundial, onde os perigos e as incertezas se manifestaram com mais intensidade, levou Getúlio Vargas a aceitar a presença de tropas aliadas no Saliente Nordestino sob o auspicio da cooperação e proteção.

Mesmo contra a vontade dos militares brasileiros, Vargas autorizou a presença de tropas estrangeiras em terras brasileiras, de onde fora constituído um dos momentos mais importantes da Guerra, a partir do Nordeste brasileiro as forças Aliadas montaram o Trampolim para a Vitória, nome dado às operações de deslocamento de tropas aliadas para o Norte da África e depois para o Sul da Itália.

A presença de militares anglo-estadunidenses em território brasileiro ajudou na edificação de uma parceria Estados Unidos-Brasil que rendeu o reaparelhamento das Forças Armadas brasileiras e a industrialização do país. Sem dizer no compromisso do Estado brasileiro na luta contra o fascismo. Isto é, a presença de militares estrangeiros no Brasil estava restrita a uma conjuntura transitória e com um fim claro.

Com o avanço das forças Aliadas na Europa e o enfraquecimento do Eixo, veio à tona na sociedade brasileira a necessidade da presença dos anglo-estadunidenses no Nordeste. Com o Desembarque da Normandia e a entrada dos soviéticos na Alemanha, a certeza de que os estrangeiros deveriam partir logo tornou-se uma unanimidade entre os brasileiros. Até mesmo os vizinhos Argentina e Chile começaram a cobrar das autoridades brasileiras sobre as bases Aliadas.

Devido a pressão dos países vizinhos e da população, o Ministro das Relações Exteriores Oswaldo Aranha foi a público em julho de 1944 comunicar oficialmente que os estrangeiros partiriam imediatamente após o término da guerra na Europa, disse ele:

“Assim como o Brasil considera sua cooperação para os fins de guerra e incluso para paz como uma necessidade fundamental de sua soberania e de seus interesses, considera também que a hipótese de uma ocupação ou cessão de bases de qualquer natureza a qualquer povo, é uma insensatez que só pode conceber quem não conhece a história e os sentimentos de nosso país”.

Ao final da Guerra em maio de 1945, os militares aliados que ocupavam as bases no Nordeste foram embora, deixando para trás uma história de cooperação e camaradagem com os brasileiros na luta contra o fascismo. Ação essa que se estendeu na defesa do oceano Atlântico e nos campos italianos, onde brasileiros lutaram ombreados aos combatentes Aliados.

Passados 74 anos o novo presidente brasileiro Jair M. Bolsonaro negocia uma subordinação vergonhosa com os estadunidenses, edificando uma diplomacia serviu e subordinada aos ditames de Washington, se colocando como mão de obra terceirizada para intimidar irmãos latino-americanos, os quais o Brasil tem uma relação de amizade de séculos.

Para piorar, negocia com os militares estadunidenses ceder parte do território brasileiro para a instalação de bases estrangeiras, ferindo a soberania nacional e criando desconforto para os países vizinhos. Na contramão da soberania e do desenvolvimento autônomo forjado por Vargas durante a Segunda Guerra Mundial, o presidente Bolsonaro tenta fazer do Brasil uma república de bananas onde a ótica é ser servil e dócil com o imperialismo ianque.

A presença de bases militares estadunidenses em solo brasileiro não só fere a soberania nacional e a dignidade popular, mas também, ultraja a memória de todos os combatentes brasileiros que lutaram em terra, céu e mar na Segunda Guerra Mundial para não permitir que o país fosse um anão entre as nações. Estamos percebendo que o presidente Bolsonaro não “conhece história e nem os sentimentos do nosso país”, como afirmou Oswaldo Aranha em 1944.

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