Pobres fazem rodízio para pedir esmola no metrô de SP
De bengala, ele observa as moedas do troco do passageiro
O Conversa Afiada reproduz do jornal Agora, de São Paulo (o melhor da cidade...) reportagem que descreve o grau de degradação econômica e social que os tucanos paulistas e o neolibelismo (de origem tucana, também) provocaram na maior e mais rica (quá, quá, quá!) cidade do país.
E o governador, o Boldória, o novo bandeirante, bandeidório, no cacete, joga o Nordeste no mar!
Lamentavelmente o Agora prefere chamar "pobre" de "pedinte".
"Pedinte"é o Primata do tal neolibelismo, que tomou dinheiro ao BNDES para fazer uma maracutaia com os fundos de pensão, numa evolução do que aprendeu com seu guru dos tempos do Collor, o ínclito banqueiro.
Na fila do metrô de São Paulo (o mais lento do mundo!) os pobres são pobres:
Pedintes fazem rodízio para abordar passageiros do metrô
Pedintes têm feito rodízio para pedir esmolas ao mesmo tempo que constrangem usuários do metrô em bilheterias.
A reportagem acompanhou a ação durante toda a manhã e início da tarde desta quinta-feira (6) nas estações Belém e República, ambas da linha 3-vermelha.
Por volta das 8h, um homem usando bengala estava ao lado do guichê da estação Belém. Ele abordava todas as pessoas que iam ao local comprar bilhete.
A reportagem entrou na fila e, quando chegou a vez de ser atendida, o homem ficou observando a quantidade de dinheiro usada na transação. "Me dá uma moeda?", pediu. Com a negativa, após a entrega do troco, ele insistiu. "Te deram uma moeda de troco."
O homem com a bengala ficou no local por cerca de 15 minutos, quando foi substituído por um rapaz, que cobrava a sua vez.
O segundo pedinte ficou ao lado do guichê, das mesma forma que o outro, até por volta das 8h30, quando chegaram dois seguranças.
Com a saída dos seguranças, os homens voltaram a pedir esmolas no sistema de rodízio. A reportagem identificou nove deles, com perfis que vão desde um homem dando a mão a uma criança, a um idoso e jovens.
No local, segundo atualização de abril do Metrô, circulam por dia cerca de 50 mil pessoas.
A dona de casa Maria Cleia Silva, 56 anos, passa quase todos os dias pela estação Belém. Ela afirma que os pedintes ficam o dia todo no local. "Sei que as pessoas passam problemas, mas é constrangedor", diz.
"Eles ficam olhando a quantidade de dinheiro usada [para comprar bilhetes] e o troco que a gente recebe."
Ela afirma que o horário com maior concentração de pedintes é o da tarde. "Por isso, sempre compro meus bilhetes pela manhã, para não sofrer tanta pressão para dar moedas."
Na estação República, os pedintes chegaram a organizar a fila de atendimento. "Próximo", falou um deles a uma mulher que aguardava para ser atendida.
Houve um momento em que quatro pedintes, divididos em duplas, emparelhavam usuários. Eles só se dispersaram quando a segurança apareceu no local.
A estudante Gláucia Cesta, de 24 anos, passa diariamente pela estação Belém do metrô. Ela diz que, todas as vezes em que vai comprar bilhete, é interpelada por algum mendicante. "Alguns pedintes acham que temos a obrigação de dar alguma coisa", afirma.
Ela relata um caso em que o pedinte ficou irritado, pois ele viu que a estudante tinha dinheiro, mas ela não deu a esmola.
Outra situação que assusta a Gláucia é quando os pedintes estão alterados.
A reportagem flagrou um jovem, supostamente embriagado, na estação Belém. Ele gargalhava sozinho, em meio ao fluxo de passageiros perto das catracas, enquanto fumava um cigarro, que é proibido por lei.
Flávio Godói, diretor da executiva do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, afirma que os problemas com pedintes são um dos vários enfrentados por profissionais do metrô.
Há 44 anos na empresa, ele diz que as questões sociais acabam refletindo nas estações. “Há também os ambulantes que vendem produtos nos trens”, diz.
Para Godoi, o problema só pode ser resolvido se seguranças passarem o dia todo ao lado das bilheterias. “Mas isso não é viável, pois o efetivo atualmente não é suficiente”, afirma.
O diretor diz que tanto pedintes quanto ambulantes não respeitam os funcionários do metrô. “Eles só saem das estações, ou respeitam minimamente as abordagens, quando aparecem seguranças.”
O Metrô diz, em nota, que a segurança nas estações é feita com agentes que contam com auxílio de monitoramento de câmeras. Sempre que é identificada a presença de pedintes, eles são acionados.
A empresa afirma também se sensibilizar com o momento de crise que o Brasil passa e as dificuldades enfrentadas por muitas pessoas que acabam precisando pedir dinheiro.
Em casos de constrangimento, diz a nota, o passageiro pode acionar os funcionários das estações ou comunicar o problema por SMS --mensagens de texto-- para o celular (11) 97333-2252 ou pelo aplicativo Metro Conecta.
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