Polícia Federal vai ouvir empresário que relatou vazamento a Flávio Bolsonaro
A PGR (Procuradoria-Geral da República) determinou neste domingo (17/V) que a Polícia Federal ouça o depoimento do empresário Paulo Marinho no inquérito já aberto para apurar, com base em denúncias do ex-ministro Sergio Moro (Justiça), se o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tentou interferir indevidamente na PF.
A informação é da Folha de S.Paulo.
O empresário, que é suplente do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), disse que a PF antecipou ao filho mais velho do presidente que Fabrício Queiroz era alvo da operação Furna da Onça, que investiga esquema de "rachadinhas".
De acordo com Marinho, em entrevista à Folha de S.Paulo, os policiais teriam segurado a operação, então sigilosa, para que ela não ocorresse no meio do segundo turno, prejudicando assim a candidatura de Bolsonaro.
Segundo o empresário, um delegado-informante teria aconselhado ainda Flávio a demitir Queiroz e a filha dele, que trabalhava no gabinete de deputado federal de Jair Bolsonaro em Brasília.
Os dois foram exonerados naquele período —mais precisamente, no dia 15 de outubro de 2018.
Reações
A revelação de que a Polícia Federal segurou a operação que investiga o ex-policial militar Fabrício Queiroz para não prejudicar a candidatura de Jair Bolsonaro (sem partido) em 2018 desencadeou reações fortes da oposição.
Para o PT, a solução é a cassação do presidente e do vice, com novas eleições ainda neste ano.
"Com mais essa revelação sobre como Bolsonaro ganhou as eleições, insistiremos que o TSE [Tribunal Superior Eleitoral] se mexa e julgue as ações de investigação das eleições de 2018 que dormem em suas gavetas. O Brasil está sendo destruído por um homem que não ganhou honestamente as eleições",escreveu a deputada federal e presidente do partido Gleisi Hoffmann (PR).
Membros da sigla defendem também uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) em conjunto com outros partidos.
"Agentes do Estado deram um golpe eleitoral em 2018 para ajudar a eleição fraudulenta de Jair Bolsonaro, o Congresso precisa investigar a fundo a denúncia, inclusive o envolvimento do clã Bolsonaro com o crime organizado", diz o deputado Enio Verri (PT-PR) sobre o caso.
Verri foi acompanhado por Paulo Pimenta (PT-RS). “A oposição na Câmara dos Deputados vai protocolar um pedido de CPI para investigar as gravíssimas denúncias do empresário Paulo Marinho sobre o envolvimento da família de Jair Bolsonaro com o crime organizado no Rio de Janeiro. A CPI investigará também o envolvimento de integrantes da PF no esquema”, informou Pimenta pelo Twitter.
O deputado Alessandro Molon (PSB-RJ) reforçou a necessidade da CPI.
"Bolsonaro havia dito que as eleições tinham sido fraudadas. Ele tinha razão, mas quem participou de fraude foi a família dele. As evidências estão aí: as eleições de 2018 foram manipuladas para favorecer o atual presidente! CPI já para investigar", manifestou.
Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder da oposição no Senado, disse que "a matéria da Folha revela que a interferência de Bolsonaro e de sua família na Polícia Federal, já ocorria antes mesmo do início de seu governo. As revelações feitas por Paulo Marinho são gravíssimas!".
Mais cedo, Fernando Haddad (PT), candidato a presidente derrotado por Bolsonaro, reagiu à acusação.
"Conforme suspeita, suplente de Flavio Bolsonaro confirma que PF alertou-o, entre o 1° é o 2° turno, de que Queiroz seria alvo de operação, que foi postergada para evitar desgaste ao clã durante as eleições. Isso se chama fraude!", escreveu em uma rede social.
Ex-aliados também cobram investigação
Nas redes sociais, o deputado Kim Kataguiri (DEM-SP) confirmou a possibilidade de cassação da chapa.
"Se comprovadas as denúncias, o TSE pode anular as eleições de 2018 ele pode cassar a chapa Jair Bolsonaro e Mourão para que tenha novas eleições ainda em 2020", afirmou em vídeo publicado nas redes sociais. "As denúncias são gravíssimas."
Já a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) cobrou investigações e diz que só não descobre o que aconteceu quem não quer.
"Avisou o criminoso e seu bando", disse no Twitter.
"Antecipou as informações para três pessoas, debaixo de uma marquise em frente à delegacia no RJ...que tal câmeras de segurança do local? Só não descobre quem não quer", continuou.
O deputado federal Alexandre Frota (PSDB-SP) também manifestou-se nas redes sociais. "Eu pouco me importo como vamos tirar esse lixo de lá", afirmou mais cedo.