Polícia se especializa em matar jovens
Rio de Janeiro - Mães e familiares de jovens negros mortos por policiais protestam contra a violência com ativistas da Anistia Internacional em frente à Igreja da Candelária (Fernando Frazão/Agência Brasil, extraída do Blog Socialista Morena)
Por Rafael Soares, no Globo Overseas (empresa que tem sede na Holanda para lavar dinheiro e subornar agentes da FIFA com objetivo de ter a exclusividade para transmitir os jogos da seleção):
Polícia cometeu um em cada 4 assassinatos de jovens
A cada quatro jovens assassinados no Estado do Rio em 2017, um foi morto pela polícia. A conclusão é do Dossiê Criança e Adolescente 2018, elaborado pelo Instituto de Segurança Pública (ISP). Responsáveis pelo levantamento, os pesquisadores Luciano de Lima Gonçalves e Flávia Vastano partiram de um universo de 636 crianças e adolescentes até 18 anos que foram vítimas de homicídios dolosos, latrocínios (roubos seguidos de mortes), lesões corporais seguidas de mortes ou homicídios decorrentes de intervenção legal. Do total, afirma o estudo, 174 foram mortos por policiais em serviço, que alegaram, na delegacia, terem atuado em legítima defesa.
Para chegar aos números, os pesquisadores do ISP compilaram dados da Polícia Civil e do Sistema Único de Saúde (SUS). Ao usar as duas bases, o dossiê conseguiu recuperar, com precisão, a idade das vítimas. Os pesquisadores também geolocalizaram cada um dos casos e concluíram que regiões próximas a grandes complexos de favelas na Região Metropolitana concentram o maior número de assassinatos de crianças e adolescentes. Os complexos do Chapadão, da Pedreira, da Maré e do Alemão estão entre as áreas com mais ocorrências.
MORTE PERTO DE CASA
Ontem, o Rio registrou mais um caso que vai entrar para essa estatística. Um menino de 9 anos morreu após ser atingido no peito por uma bala perdida no Complexo do Alemão. João Victhor Valle Dias soltava pipa na laje da casa onde vivia com a mãe quando foi baleado. O caso ocorreu dentro da comunidade da Fazendinha. A criança ainda foi levada para o Posto de Atendimento Médico (PAM) de Rodolfo Roco, em Del Castilho, mas não resistiu aos ferimentos. A PM informou que não havia operação na favela no momento e que ainda não é possível saber de onde partiu o disparo.
O estudo do ISP diz que “a letalidade violenta contra menores tende a se intensificar, na medida que nos aproximamos de uma área sujeita ao controle ilegal do território”, numa referência a regiões dominadas por traficantes ou milicianos. Pelo documento, mais de cem crianças e adolescentes foram mortas em 2017 nesses locais. O instituto do governo do estado também comparou os locais dos crimes com os endereços de residência dos jovens na época em que foram assassinados. Em 50% dos casos, os assassinatos ocorreram a, no máximo, três quilômetros de onde moravam as vítimas. E 20% das crianças e adolescentes foram mortos a apenas alguns quarteirões de distância de suas casas.
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