Por que Moro não deixa o Palocci falar?
Crédito: Aroeira
Do Blog do Esmael Morais:
Quem Moro protege ao não aceitar delação de Palocci? Para quem ele quer mostrar serviço?
Chamou mais a atenção do país a negativa do juiz Sérgio Moro à delação do ex-ministro Antonio Palocci do que a condenação, propriamente dita, a 12 anos de prisão por corrupção envolvendo a Odebrecht.
Na sentença condenatória, o magistrado afirma que a proposta de delação de Palocci parece muito mais com uma “ameaça” do que com uma “declaração sincera de que pretendia colaborar” no âmbito da lava jato.
Ameaça a quem cara-pálida? Moro não fundamentou exatamente a quem Palocci “ameaça”. Seria ao corrupto sistema bancário cujo “roubo” perpetrado contra todos os brasileiros se dá à luz do dia?
O senador Roberto Requião (PMDB-PR), crítico contumaz do desvirtuamento da força-tarefa, ao seu jeito, ironizou a decisão do juiz da lava jato fazendo uma debochada enquete sobre o tema: “Você gostaria de ver a denúncia do Palloci?”, perguntou no Twitter e, logo em seguida, ofereceu as seguintes opções de respostas: “1) Claro; 2) O MPF NÃO VAI DEIXAR; e 3) Não, com banco não”.
Ao barrar Antonio Palocci de fazer delação estaria o juiz Sérgio Moro fazendo uma média com o capital financeiro, ou melhor, sinalizando para os bancos, haja vista ser ele o “único” capaz de fazer frente ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo o Datafolha?
Aliás, a pesquisa foi divulgada justamente no mesmo dia em que saiu a sentença. A simbologia é de tal magnitude que também coincide com o discurso da velha mídia segundo qual é preciso descolar a crise “política” da “economia”, etc.
Não é a primeira vez que Moro refuga quando é contrariado o projeto do ‘núcleo político’ dos integrantes da lava jato em Curitiba. O magistrado já proibira antes perguntas formuladas pelo ex-deputado Eduardo Cunha, entendidas como roteiro de delação, alegando que se tratava de “chantagem” ao ilegítimo Michel Temer.
Note o caríssimo leitor que foi preciso a descentralização da lava jato, a partir de Brasília, sem os guris da capital paranaense, para estourar o esquema criminoso de Temer e da JBS. Caso contrário, o Brasil e o mundo jamais tomariam ciência do que ocorria, na calada da noite, no Palácio Jaburu — a residência oficial de Michel Temer.
Em 20 de abril, por exemplo, Palocci prestou depoimento a Moro e insinuou que não foram apenas as empreiteiras que tiveram interesses atendidos durante os mandatos petistas. Segundo o ex-ministro, o governo “muitas vezes salvou empresas, em situações de emergência, usando o limite da lei.” Ele indicou que, num acordo de delação, poderia entregar empresas de comunicação e figuras de peso do sistema financeiro.
“Fico à sua disposição hoje e em outros momentos, porque todos os nomes e situações que eu optei por não falar aqui, por sensibilidade da informação, estão à sua disposição o dia que o senhor quiser”, disse a Moro.
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