Por que policiais invadiram 30 universidades públicas?
No lugar da bandeira "Direito UFF - Antifascismo", retirada por ordem do TRE, estudantes estenderam um cartaz que denuncia a censura (Reprodução)
Do Jornal Toda-Palavra (Rio-Niterói):
Apesar de a Justiça eleitoral admitir ações de fiscais eleitorais esta semana em 17 campi universitários, alunos e professores de vários estados, conectados através de um perfil do Facebook, relatam que mais de 30 universidades foram invadidas esta semana no que poderia ser um plano coordenado para efetuar a apreensão de materiais políticos. Os juízes negam qualquer ação integrada pelos TREs de diversos estados.
(...) As informações sobre ações policiais dentro das universidades estão sendo concentradas e publicação feita no perfil do professor Pablo Ortellado no Facebook, que, até a manhã desta sexta-feira, já tinha tido mais de 6 mil compartilhamentos. O último levantamento dava conta de invasões na UFGD (Dourados), UEPA (Iguarapé-Açu), UFCG (Campina Grande), UFF (Niterói), UEPB, UFMG, Unilab (Palmares), SEPE-RJ, Unilab-Fortaleza, UNEB (Serrinha), UFU (Uberlândia), UFG, UFRGS, UCP (Petrópolis), UFSJ, UERJ, UFERSA, UFAM, UFFS, UFRJ, IFB, Unila, UniRio, Unifap, UEMG (Ituiutaba), UFAL, IFCE, UFPB, UFRPE (Serra Talhada), UNESP (Botucatu), UEAL, Unisinos, IFF (Campos dos Goytacazes).
Na UFF, em Niterói, sob o aplauso de centenas de estudantes e professores, a bandeira antifascista, que havia sido retirada na quarta-feira (24/10/18) à noite, foi recolocada na fachada da Faculdade de Direito. No entanto, a juiza Maria Aparecida da Costa Bastos, da 199ª Zona Eleitoral e responsável pela fiscalização eleitoral em Niterói, mandou que fosse novamente retirada, sob ameaça de prisão do diretor da faculdade, Wilson Madeira Filho. Desta vez, ao contrário do que aconteceu na quarta-feira, quando os fiscais do TRE, acompanhados de policiais militares, estavam motivados apenas por um "mandado verbal", a juíza expediu uma ordem por escrito. Para evitar a prisão do diretor, a bandeira foi retirada e em seu lugar colocada uma faixa escrito "censurado".
Assim como na UFF e em várias outras universidades, o campus da UERJ, no Maracanã, Zona Norte do Rio, foi invadido na quinta-feira (25/10/18) pela PM com o objetivo de retirar faixas que, sem qualquer menção a candidatos ou partidos políticos, manifestavam repulsa ao fascismo e invocavam a memória da vereadora Marielle Franco, assassinada no início do ano, e ao estudante da universidade Luiz Paulo, morto pela ditadura militar em 1968. Além do recolhimento de materiais nem sempre caracterizados como propaganda eleitoral, vários relatos dão conta de que fiscais da Justiça eleitoral têm feito varreduras, analisando filmes e documentos em cursos como os de História e Direito.