Prepare-se: vem aí uma explosão social
Xavier: Greve Geral de 14 de junho promete ser o estopim
publicado
03/06/2019
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O Conversa Afiada publica artigo sereno (sempre!) do colUnista exclusivo Joaquim Xavier:
Não adianta os acólitos de sempre tentarem jogar panos quentes. Tampouco o capital abutre e a mídia gorda baterem na tecla da tal reforma da previdência, eufemismo para o fim da aposentadoria. Como se mesmo essa excrescência tivesse algum efeito a médio prazo.
Todos, absolutamente todos os elementos convergem para uma desordem social de grandes proporções.
Começando pelo primeiro e mais importante: desde o golpe de estado de 2016, o povo brasileiro retrocede a padrões de miséria com uma rapidez inédita. O desemprego aumenta a jato, disfarçado com estatísticas que encobrem a penúria com vendedores de quentinhas, mercadores de bolos em calçadas e motoristas de uber.
Um exemplo cotidiano: aqueles que frequentam bares, padarias, restaurantes, lojas notam que os antigos funcionários não existem mais. Foram substituídos por boias frias instituídos pela reforma patronal, apelido da reforma trabalhista.
A chamada classe média despenca. A inadimplência bate recordes, as ameaças de despejo e “luxos” como algum lazer, comer uma pizza aos domingos e as despesas elementares da família viraram um suplício, quando não simplesmente eliminadas. O carvão e a lenha agora são combustíveis obrigatórios para 25% das famílias.
A indústria brasileira está literalmente “passando o ponto”. Um cenário de escombros. A construção civil definha, não contrata, só demite.
Programas como o Minha Casa, Minha Vida foram incinerados. Obras públicas estão paralisadas. Investimentos, nem pensar. Basta ver os números do pibinho no vermelho.
Nem sequer é preciso falar da Educação. Os ataques econômicos, ideológicos e truculentos a um setor estratégico desenham o tipo de país que este governo pretende. Um ministro que propõe a caça às bruxas a reitores, professores, alunos, pais de família que discordam de suas políticas e posa debaixo de um guarda-chuva não passa de um palhaço de circo mambembe.
Muito tempo se tem perdido com o lado pitoresco desta administração. Um presidente como Bolsonaro que chama manifestantes de idiotas úteis, diz que não nasceu para mandar no país, afirma a um jornal argentino que é enviado de Deus, quer transformar o Supremo em uma salada de religiões, defende um filho acusado de meliante contumaz e se orgulha de não entender nada de economia definitivamente é um desequilibrado patológico – aliás, o que já se desconfiava nos 30 anos de nulidade como parlamentar. Chegou ao cúmulo de dizer que a culpa do desemprego é dos... desempregados!
Já o Posto Ipiranga Paulo Guedes é uma provocação. Não passa de agente assumido do sistema financeiro internacional. Quer vender tudo. Mesmo suas ideias são anacrônicas e imprestáveis.
Numa entrevista imperdível ao programa Contraponto, da rádio Trianon de SP, Paulo Nogueira Batista Jr., um dos mais brilhantes economistas da sua geração, lembrou que mesmo os velhos “Chicago Boys”, do tempo de Pinochet e do qual Guedes é idólatra, já mudaram de posição.
Numa economia despencando, o gasto público é impulso indispensável para fazer a máquina rodar. Guedes quer o contrário. Cortar tudo, vender a mãe, fechar o BNDEs, entregar a previdência aos bancos, eliminar os subsídios à indústria local para entregar a prataria ao capital internacional – do qual ele é beneficiário notório.
Um país de mais de 200 milhões de habitantes, por mais que os articulistas sabujos torçam, não conseguirá suportar tamanho desgoverno. É questão de bolso, de tempo e de orgulho pela soberania nacional. As gigantescas manifestações pela defesa da educação deram o sinal.
A greve geral de 14 de junho promete ser um marco. Que as forças progressistas e democráticas deixem as picuinhas de lado, empenhem-se na preparação e se unam num movimento capaz de mudar o rumo do precipício.
Joaquim Xavier
Todos, absolutamente todos os elementos convergem para uma desordem social de grandes proporções.
Começando pelo primeiro e mais importante: desde o golpe de estado de 2016, o povo brasileiro retrocede a padrões de miséria com uma rapidez inédita. O desemprego aumenta a jato, disfarçado com estatísticas que encobrem a penúria com vendedores de quentinhas, mercadores de bolos em calçadas e motoristas de uber.
Um exemplo cotidiano: aqueles que frequentam bares, padarias, restaurantes, lojas notam que os antigos funcionários não existem mais. Foram substituídos por boias frias instituídos pela reforma patronal, apelido da reforma trabalhista.
A chamada classe média despenca. A inadimplência bate recordes, as ameaças de despejo e “luxos” como algum lazer, comer uma pizza aos domingos e as despesas elementares da família viraram um suplício, quando não simplesmente eliminadas. O carvão e a lenha agora são combustíveis obrigatórios para 25% das famílias.
A indústria brasileira está literalmente “passando o ponto”. Um cenário de escombros. A construção civil definha, não contrata, só demite.
Programas como o Minha Casa, Minha Vida foram incinerados. Obras públicas estão paralisadas. Investimentos, nem pensar. Basta ver os números do pibinho no vermelho.
Nem sequer é preciso falar da Educação. Os ataques econômicos, ideológicos e truculentos a um setor estratégico desenham o tipo de país que este governo pretende. Um ministro que propõe a caça às bruxas a reitores, professores, alunos, pais de família que discordam de suas políticas e posa debaixo de um guarda-chuva não passa de um palhaço de circo mambembe.
Muito tempo se tem perdido com o lado pitoresco desta administração. Um presidente como Bolsonaro que chama manifestantes de idiotas úteis, diz que não nasceu para mandar no país, afirma a um jornal argentino que é enviado de Deus, quer transformar o Supremo em uma salada de religiões, defende um filho acusado de meliante contumaz e se orgulha de não entender nada de economia definitivamente é um desequilibrado patológico – aliás, o que já se desconfiava nos 30 anos de nulidade como parlamentar. Chegou ao cúmulo de dizer que a culpa do desemprego é dos... desempregados!
Já o Posto Ipiranga Paulo Guedes é uma provocação. Não passa de agente assumido do sistema financeiro internacional. Quer vender tudo. Mesmo suas ideias são anacrônicas e imprestáveis.
Numa entrevista imperdível ao programa Contraponto, da rádio Trianon de SP, Paulo Nogueira Batista Jr., um dos mais brilhantes economistas da sua geração, lembrou que mesmo os velhos “Chicago Boys”, do tempo de Pinochet e do qual Guedes é idólatra, já mudaram de posição.
Numa economia despencando, o gasto público é impulso indispensável para fazer a máquina rodar. Guedes quer o contrário. Cortar tudo, vender a mãe, fechar o BNDEs, entregar a previdência aos bancos, eliminar os subsídios à indústria local para entregar a prataria ao capital internacional – do qual ele é beneficiário notório.
Um país de mais de 200 milhões de habitantes, por mais que os articulistas sabujos torçam, não conseguirá suportar tamanho desgoverno. É questão de bolso, de tempo e de orgulho pela soberania nacional. As gigantescas manifestações pela defesa da educação deram o sinal.
A greve geral de 14 de junho promete ser um marco. Que as forças progressistas e democráticas deixem as picuinhas de lado, empenhem-se na preparação e se unam num movimento capaz de mudar o rumo do precipício.
Joaquim Xavier
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