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Procura por registro de armas aumenta após eleição

Clubes de tiro e despachantes são negócios promissores no bolsonarismo!
publicado 25/12/2018
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Do El País:

Clube de tiro e despachante já lucram com política armamentista de Bolsonaro


Anselmo Araújo tem motivos para comemorar neste final de ano. Despachante especializado em produtos controlados – “tudo o que o Exército e a Polícia Federal supervisionam” -, ele viu seus negócios crescerem cerca de 40% de junho para cá. “Aumentou muito o número de pedidos de registro de armas de fogo”, afirma. Por um valor que varia entre 800 e 900 reais, sendo 80 reais de taxa e o restante seus honorários, Araújo faz girar as engrenagens burocráticas que possibilitam que um cidadão tenha arma em casa ou no escritório, ou que possa ter pistolas ou revólveres para treinar em clubes de tiro. Desde a campanha eleitoral de Jair Bolsonaro para a presidência os negócios do despachante florescem.

O capitão da reserva já anunciou que deve flexibilizar o Estatuto do Desarmamento, facilitando a posse (ter arma em casa) e o porte - andar armado, situação que atualmente só é permitida para algumas carreiras como policiais e promotores. (...) “Meu público são civis que procuram uma arma para esporte ou defesa. Nos últimos meses tenho a impressão de que a informação relacionada à possibilidade de se ter armas ficou mais acessível”, afirma Araújo. (...) "E durante as eleições a mídia, principalmente o Facebook e o Whatsapp, divulgaram mais como é o passo a passo para que alguém possa ter uma arma em casa”, afirma.

(...) Em clubes de tiro como o Tatical Shoot, em Botucatu, interior paulista, o movimento também cresceu. Marcelo Danfenback, dono do espaço, afirma que a procura por cursos de tiro (um pré-requisito para a concessão do registro) aumentou “mais de 100%” este ano. “Nós temos uma demanda reprimida desde 2007, quando começou o desarmamento de fato”, diz. Danfenback também relata que muitas pessoas buscam o registro do tiro esportivo, que é mais caro e obtido com o Exército, como uma maneira de driblar as restrições impostas pela Polícia Federal na concessão da posse. “É um meio legal que as pessoas encontram de ter uma arma de fogo em casa e se sentirem seguras”, explica. (...)

O bancário Jefferson de Souza, 29, foi um dos milhares de brasileiros que decidiriam obter o registro de armas de fogo este ano. O primeiro pedido à Polícia Federal foi negado, e ele teve que repetir o processo até obter a autorização. Além de possuir uma arma em casa, para proteção, ele também pratica tiro esportivo e tem outras duas armas avaliadas em 12.000 reais, que utiliza nos stands de tiro (o registro para o tiro esportivo é concedido pelo Exército). Apesar de estar cercado por armas, Souza diz não sentir-se protegido. “Antes de ter armas eu me sentia mais seguro do que hoje. Porque sei que arma é algo que pode ser do interesse do bandido”, afirma. “Sinto que virei um alvo, do momento que saio de casa para o stand de tiro até o momento em que volto”, diz. (...)

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