Quem humilhou o Exército foi Bolsonaro
(Fotos: Alan Santos/PR)
Por Fernando Brito, do Tijolaço - É deprimente ver a situação em que ficou o futuro ex-ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello.
Foi “rifado” publicamente pelo vice-presidente Hamilton Mourão, pela TV, dizendo que ele “logo será substituído”.
Recebeu, de Bolsonaro, um elogio pessoal, mas não pelas suas funções como ministro.
Dos seus colegas militares, ganhou e ganha pressões para que passe à reserva, como se isso fosse “desmilitarizá-lo” e reduzir o desgaste que traz às Forças Armadas.
Convenhamos, é um pagamento amargo que recebe por ter aceito – não e sabe o que prevaleceu nisso, se a ambição ou a disciplina às ordens presidenciais – o papel de interventor-tutor de Nélson Teich, nomeado em lugar de Luiz Mandetta.
Teria ficado, permanecendo ou não no cargo de Secretário Executivo, relativamente anônimo e, quem sabe, até reconhecido por uma eventual capacidade de organização dos serviços de distribuição e luvas, máscaras, respiradores e demais insumos médicos necessários.
Mas foi levado a assumir, de fato, o ministério. Removeu os profissionais especializados, substituindo-os por ex-fardados inexperientes. Obrigou a área médica a subscrever um protocolo esdrúxulo para a cloroquina, remédio que, depois de exibir caixinhas em vídeo, agora Bolsonaro já diz que “não recomenda”.
Depois de tudo, porém, é transformado em um morto-vivo, ao qual querem ainda obrigar que peça transferência à reserva, o que, além de tudo, é uma incongruência, pois está ministro não por conta de seus conhecimentos de Saúde Pública, mas por ser um militar.
O general Pazuello – e não deixará, na reserva, de ser general e visto como general – não é o responsável pelo enxovalhamento do Exército com este morticínio, embora tenha aceitado ser instrumento disso.
Responsáveis laterais, também, são os generais – que, na reserva, seguem generais numa nova e elevada categoria, os generais-de-palácio – que não impediram, se necessário à custa dos próprios cargos, que Jair Bolsonaro lançasse mão da imagem das Forças Armadas para resolver uma crise que ele próprio criou com a descontrolada negação do isolamento social e a demagogia da cloroquina.
O Exército Brasileiro, desde Curupaiti, na Guerra do Paraguai, não sofreu uma derrota tão expressiva como desta vez, no que no futuro ficará como a Batalha da Cloroquina. Inglória, inútil, que deixa mortos aos milhares e desonra para seus comandantes.