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Quem vai pagar o pato pelo gasto inútil com cloroquina?

Janio: Bolsonaro virou uma contrapropaganda da droga
publicado 26/07/2020
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(Reprodução)

Da coluna de Janio de Freitas na Folha de S.Paulo deste domingo 26/VII:

(...) O próprio ​Bolsonaro tornou-se uma contrapropaganda ambulante da droga que apregoa. Logo disse, quando forçado a admitir sua queda na contaminação, estar se medicando com hidroxicloroquina. Mas os 14 dias da persistência do vírus se passaram e Bolsonaro só agora fala em teste negativo.

O montante de gasto perdulário e deliberado de Bolsonaro não está revelado. Dois ex-ministros da Saúde são testemunhas da improbidade insistente para se comprometerem também, ou saírem.

Seja qual for o gasto a que outros cederam, inclusive no Exército, está coberto com dinheiro público. E a legislação prevê que gastos por improbidade, contrários a pareceres autorizados, sejam reconhecidos como crimes e sujeitos a ressarcimento às contas públicas.

(...) Em paralelo ao gasto previstamente inútil com cloroquina/ hidroxicloroquina, indica o Tribunal de Contas da União que aqueles figurantes retiveram 71% da verba disponível para combate à pandemia e socorro aos vitimados —sobretudo aos carentes, que, mais uma vez, fazem a maioria dos mais atingidos. O dinheiro aplicado não chegou a um terço do existente.

Aproximam-se os 100 mil mortos. O general especialista em organização de abastecimentos faz faltarem até analgésicos, tão vulgares, para os contaminados. Bolsonaro passeia de moto, programa atos reeleitoreiros, faz indecente compra-e-venda de apoio no Congresso, bate papo com a claque. A pandemia e os cabeças civis e militares do governo movem-se na mesma direção, associados.

Mais do que senso de justiça, é um saldo de senso de vergonha que pode impedir a perpetuação dessa impunidade vagabunda. Covarde. Apátrida. Mas o saldo é incerto, para dele dizer pouco.