Ramagem comandou operação que originou investigação contra Queiroz
O chefe da ABIN (Agência de Inteligência Brasileira), Alexandre Ramagem era o delegado responsável pela operação que originou a investigação contra o ex-policial militar Fabrício Queiroz.
A informação é do jornalista Reinaldo Azevedo, no UOL.
De acordo com o empresário Paulo Marinho, que é suplente do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), um delegado teria antecipado ao filho mais velho do presidente que Queiroz era alvo da operação Furna da Onça, que investiga práticas de "rachadinhas" no Rio de Janeiro.
Segundo o empresário, em entrevista à Folha de S.Paulo , um "delegado-informante teria aconselhado ainda Flávio a demitir Queiroz e a filha dele, que trabalhava no gabinete de deputado federal de Jair Bolsonaro em Brasília".
Uma suspeita sobre quem era o delegado caiu em Ramagem, que chefiou a Operação Cadeia Velha, posteriormente desdobrada para a Furna de Onça.
Ramagem, que é próximo da família do presidente, era o nome de Bolsonaro para assumir a direção-geral da Polícia Federal, no lugar de Maurício Valeixo.
O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), vetou a nomeação.
Ao tomar a decisão, o ministro apontou que "apresenta-se viável a ocorrência de desvio de finalidade do ato presidencial de nomeação do Diretor da Polícia Federal, em inobservância aos princípios constitucionais da impessoalidade, da moralidade e do interesse público".
A exoneração de Valeixo da Polícia Federal desencadeou a saída de Sérgio Moro do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Favorecimento a Bolsonaro
Na entrevista à Folha, Marinho disse que os policiais teriam segurado a operação, então sigilosa, para que ela não ocorresse no meio do segundo turno, prejudicando assim a candidatura de Bolsonaro.
"O delegado saiu de dentro da superintendência. Na calçada —eu estou contando o que eles me relataram—, o delegado falou: ‘Vai ser deflagrada a Operação Furna da Onça, que vai atingir em cheio a Assembleia Legislativa do Rio. E essa operação vai alcançar algumas pessoas do gabinete do Flávio [o filho do presidente era deputado estadual na época]. Uma delas é o Queiroz e a outra é a filha do Queiroz [Nathalia], que trabalha no gabinete do Jair Bolsonaro [que ainda era deputado federal] em Brasília’. O delegado então disse, segundo eles: ‘Eu sugiro que vocês tomem providências. Eu sou eleitor, adepto, simpatizante da campanha [de Jair Bolsonaro], e nós vamos segurar essa operação para não detoná-la agora, durante o segundo turno, porque isso pode atrapalhar o resultado da eleição [presidencial]’", revelou Marinho ao jornal.